Especialistas alertam para a importância da prevenção do papilomavírus humano (HPV) e do câncer de colo do útero, destacando a relevância dos exames regulares e da vacinação, diante do atual cenário brasileiro. No país, esse câncer é o terceiro tipo de tumor mais comum entre as mulheres. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), para cada ano do triênio 2023-2025 são estimados mais de 17 mil novos casos do câncer.
O HPV é um vírus comumente associado a um risco para as mulheres. No entanto, a infecção também representa uma ameaça para a saúde masculina. A transmissão se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada, como no beijo. A principal forma ocorre por via sexual, entretanto também pode haver transmissão durante o parto, além de a maioria das infecções por HPV ser assintomática ou inaparente.
Um levantamento do Ministério da Saúde, divulgado em 2024, revela que cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com câncer de colo de útero no Brasil todos os anos, sendo 5.280 na região Nordeste e 1.160 na Bahia. O estado tem uma taxa de mortalidade estimada em 4,44 casos para cada 100 mil mulheres.
O HPV é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais incidentes, podendo causar lesões pré-cancerígenas e, eventualmente, levar ao câncer cervical em mulheres. Estima-se que mais de 80% da população feminina será infectada pelo menos uma vez na vida. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), a estratégia para diminuir casos do câncer de colo de útero deve ter como prioridade a vacinação contra o HPV, além do rastreio e do tratamento adequado. A meta estipulada pelo Ministério da Saúde é vacinar 80% da população elegível.
A ginecologista Jaqueline Neves explica que exames regulares de Papanicolau, também conhecido como preventivo, para detectar precocemente alterações no colo do útero devem ser realizados com regularidade para averiguar a presença do HPV ou estágios iniciais do câncer. Há outros exames, como a genotipagem para HPV e a captura híbrida. A vacina contra o vírus HPV está disponível, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), para meninas e meninos de 9 a 14 anos (14 anos, 11 meses e 29 dias); homens e mulheres transplantados; pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia, pessoas vivendo com HIV/Aids e vítimas de violência sexual.
Entretanto, de acordo com um estudo da Fundação do Câncer, divulgado em 2023, o país está abaixo da meta de vacinação contra o HPV. Segundo revela o levantamento, a cobertura vacinal da população feminina entre 9 e 14 anos alcança 76% para a primeira dose da vacina, e apenas 57% para a segunda dose. Entre a população masculina, o cenário é ainda pior: a cobertura é de 52% e de 36%, respectivamente.
“É crucial conscientizar sobre a importância da prevenção primária, que inclui a vacinação contra o HPV, especialmente em jovens que ainda não iniciaram a vida sexual. No entanto, a prevenção secundária, por meio de exames de rotina, é essencial para detectar precocemente qualquer irregularidade no colo do útero, aumentando significativamente as chances de tratamento”, ressalta a médica.
Apesar dos avanços na conscientização e nos esforços de prevenção, o HPV e o câncer de colo do útero continuam sendo uma preocupação global de saúde pública. Para especialistas, é fundamental que as autoridades de saúde e as comunidades intensifiquem os esforços de educação e promovam campanhas de vacinação e exames, especialmente em regiões com acesso limitado aos serviços de saúde.
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