Mesmo num ambiente de retração generalizada da atividade econômica mundial, o desempenho das exportações estaduais em 2020, período marcado pela fraca demanda internacional impactada pela pandemia da Covid-19, ficou acima do esperado, fechando o ano com uma retração de 4,2%, frente ao ano anterior, alcançando US$ 7,83 bilhões. As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan).
A queda foi inferior ao registrado no âmbito nacional, que decresceu 7%. O bom desempenho do segmento agropecuário, liderado pela soja e do setor mineral, encabeçado pelos derivados de petróleo, foi decisivo para o desempenho, embalado pela recuperação da demanda chinesa e asiática, o que contribuiu para atenuar os impactos nas vendas externas que poderiam ser ainda mais negativos.
No mês de dezembro, as exportações do estado tiveram crescimento de 38,1%, alcançando US$ 718,5 milhões, com destaque para as vendas de derivados de petróleo que cresceram 1.266,5%, de algodão (13,6%) petroquímicos (9,2%) e de máquinas e aparelhos, sobretudo para geração de energia eólica (1.649%), todos comparados a igual mês do ano anterior.
No acumulado do ano, o resultado negativo obtido pelas exportações baianas em 2020 em comparação com 2019, foi motivado basicamente pela queda nos preços médios dos produtos vendidos ao exterior, que se desvalorizaram 25,5% no ano (sempre comparado com 2019), já que o volume embarcado (quantum) exibiu crescimento de 28,7%.
Pesaram ainda positivamente para o resultado, o ajuste da taxa de câmbio nominal, com a desvalorização em média de 30% do real em relação ao dólar, da safra recorde de grãos colhida no ano, e do voraz apetite asiático (sobretudo chinês), que se traduziu em um crescimento no volume embarcado, principalmente de commodities agrícolas e minerais, que vêm pautando e influenciando a atividade exportadora, cujo perfil, teve processo de primarização acelerado com a pandemia.
Com o deslocamento para a Ásia do dinamismo econômico, mais da metade dos embarques baianos tiveram como destino esta região, excluindo Oriente Médio. A Ásia absorveu em 2020, US$ 4,12 bilhões em produtos baianos, o que representou 52,6% do total exportado pelo Estado no período. No ano anterior, essa fatia era de 46,6%. A exportação para o continente cresceu 8,1%, enquanto para o resto do mundo, caíram 15%.
A China contribuiu fortemente para esse avanço. Maior destino comercial da Bahia, quando consideramos países isoladamente desde 2012, a China avançou de 27,6% para 28,8% na fatia de embarques baianos em 2020 para 2019. Mas o restante da Ásia também colaborou. Cingapura foi o segundo maior mercado, com compras de US$ 1,04 bilhão em produtos baianos no ano passado, com alta de 61,5% em relação a 2019.
IMPORTAÇÕES
As importações que foram fortemente afetadas pela frustrada recuperação da economia, ainda no primeiro trimestre de 2020, e que se acentuou a partir da pandemia, registraram uma queda bem maior que as exportações, de 29,8%, em relação a 2019, o equivalente a US$ 4,76 bilhões, menor valor apurado desde 2009, ano, até então, de maior inflexão recente do comércio exterior baiano.
Apesar do aumento de 25% registrado nas compras externas no mês de dezembro – a expansão foi a primeira das importações na comparação anual – no acumulado do ano, a queda das importações foi reflexo direto da pandemia, que afetou mais fortemente a atividade econômica interna, parcialmente paralisada durante boa parte do ano, além da forte depreciação cambial.
A maior parte da queda observada no ano deveu-se ao efeito quantum (-26,1%), embora os preços também tenham se reduzido em média 5%. A queda nas compras externas foi generalizada entre as categorias econômicas e setores de atividade, com destaque para os combustíveis e bens intermediários (insumos e matérias primas, sobretudo para a indústria) com recuos de 73% e 28% respectivamente. Essas duas categorias representam historicamente algo como 85% do total das importações estaduais.
Em 2020, a balança comercial da Bahia acumulou um superávit de US$ 3,07 bilhões, alta de 120,1% em relação ao ano anterior, resultado da queda mais forte das importações do que das exportações. A corrente de comércio, medida do dinamismo comercial e da integração ao mercado internacional, atingiu no ano US$ 12,58 bilhões com retração de 15,8%.