O Março Azul Marinho chegou, trazendo a conscientização sobre o câncer colorretal, tumor maligno que se instala no reto do intestino grosso, e o alerta dos especialistas para o impacto da pandemia no tratamento da doença. Estudos brasileiros apontam que pacientes oncológicos com covid-19 têm taxa de mortalidade de 16,7%, seis vezes mais que o índice global, de 2,4%. Outro dado grave é o da Organização Mundial da Saúde (OMS), o qual informa, que o país conta com mais de 1,5 milhão de pessoas que dependem de tratamento oncológico, número que tende a aumentar, de acordo com a previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) de novos 625 mil diagnósticos para esse ano ainda.
O INCA também estima que até 2022, sejam diagnosticados no Brasil 41.010 novos casos de câncer colorretal, sendo 20.540 em homens e 20.470 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 19,63 casos novos a cada 100 mil homens e 19,63 para cada 100 mil mulheres. O Diretor do Núcleo de Coloproctologia do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), Ramon Mendes, alerta que a segunda onda da pandemia está interferindo diretamente nos resultados oncológicos e prejudicando a investigação e o tratamento da doença. “Com a pandemia o diagnóstico tem sido atrasado, pois os pacientes não procuram atendimento médico e quando vão muitas vezes já apresentam um tumor grande e tendo que ser operado de urgência. O atraso na realização dos exames de colonoscopia, que é a melhor forma de prevenir o câncer colorretal, vem dificultando o tratamento precoce do câncer colorretal”, informa o médico.
Dr. Ramon Mendes destaca ainda a importância de todos ficarem atentos aos sinais no corpo e procurarem o médico, em caso de manifestação de sintomas. “A melhor forma de prevenção é procurando atendimento médico com um proctologista, caso apresente algum sinal ou sintoma de alerta como perda de peso, sangramento retal, mudança no formato das fezes e no ritmo intestinal bem como dores abdominais constipação e diarreia”, alerta o coloproctologista.
É possível detectar o câncer colorretal em seus estágios iniciais, quando a possibilidade de cura chega a 95%. Entretanto, a doença normalmente é diagnosticada depois do surgimento de sintomas, mas grande parte das pessoas não manifesta a patologia. Por essa razão, é essencial realizar os exames de rastreamento como colonoscopias, antes da manifestação dos sinais.
Tratamento
Quando descoberto cedo, o câncer colorretal pode ser tratado de forma mais simples, e a cirurgia é o principal tratamento para a cura da doença. Ramon Mendes explica que pode ser realizada a Colectomia Aberta, onde é retirada uma parte do cólon e os gânglios linfáticos próximos. Uma outra opção é a Colectomia Laparoscópica Assistida, em que são feitas incisões menores, por onde serão removidos, com auxílio de instrumentos guiados, a parte do cólon afetada e os linfonodos, tendo a plataforma robótica como a técnica que traz maiores benefícios. “Cada vez mais, percebemos que a plataforma robótica se apresenta como a opção com o maior número de benefícios associados no tratamento do câncer intestinal”, frisou Ramon Mendes que realizou a primeira cirurgia robótica para tratamento de câncer de intestino na Bahia.
A técnica robótica é uma alternativa muito mais precisa para retirada do câncer colorretal. “Podemos utilizá-las para os mesmos casos em que usamos a videolaparoscopia, com todas as vantagens da cirurgia robótica agregadas: visão tridimensional e mais nítida dão maior precisão durante o procedimento que, em geral, apresenta menos riscos de complicações e sangramentos, menor dor no pós-operatório e recuperação mais rápida para o paciente”, resumiu Ramon Mendes, que é chefe do serviço de coloproctologia do Hospital Santa Izabel, coordenador da especialidade do Hospital Cardio Pulmonar e preceptor da residência de coloproctologia do Hospital Roberto Santos.