Um dos principais chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, havia determinado a morte de dois diretores de presídios paulistas por meio de um bilhete engolido por um detento que estava em um processo de transferência.
O relato do episódio faz parte da sentença do juiz da 1ª Vara de Presidente Venceslau, Gabriel Medeiros, que condenou nesta quarta-feira (21) Marcola a 30 anos de prisão, após investigações que revelaram a criação de um núcleo jurídico da facção, de integrar e liderar organização criminosa armada e corrupção ativa.
“Havia a informação de que [um preso], que retornava para a penitenciária II, de Potim, trazia um bilhete com uma autorização dos líderes da facção criminosa […] para executar os diretores de segurança e disciplina das unidades de Potim I e II. Dizia-se que ele havia enrolado a mensagem em uma embalagem plástica e engolido”, relata o juiz em sua sentença.
Outras 30 pessoas, entre advogados e detentos, também foram indiciadas e julgadas, relacionadas a este mesmo processo, que acabou desmembrado e resultando na decisão judicial desta quarta (21). Anteriormente, outras 17 pessoas já haviam sido condenadas.
O processo que condenou Marcola se originou da Operação Ethos, que mostrou que o PCC havia montado um núcleo jurídico para atuar em seu favor. Ao menos seis advogados também foram presos e condenados, por associação criminosa armada, entre suas funções estavam a de levar e trazer recados e providenciar a realização de interesses de Marcola e outros líderes do PCC.
A facção, segundo os investigadores, também teria cooptado advogados para influenciar a área de proteção aos direitos humanos, que resultou inclusive na condenação, incluindo de Marcola, por corrupção ativa, já que a facção havia cooptado um então integrante do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Luiz Carlos dos Santos, para atuar em seu favor.
A investigação havia apontado, inclusive, que Santos, que pegou mais de 16 anos de prisão, recebia uma mesada de R$ 5.000 do PCC. Isso ocorria com o objetivo de plantar denúncias de violação de direitos humanos, desestabilizando a segurança e o sistema penitenciário paulista.
R7