A cantora, compositora e intérprete baiana, Maria Bethânia, recebeu, na noite desta sexta-feira (9), em Salvador, o título de doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A cerimônia de titulação ocorreu na Reitoria da Instituição, no bairro do Canela, onde Bethânia foi recebida por estudantes, professores e representantes do poder público e de outras universidades federais da Bahia.
Segundo a UFBA, a outorga do título foi proposta, inicialmente, pela Faculdade de Arquitetura e das Escolas de Belas Artes, Teatro, Dança e Música da universidade que completa, este ano, 70 anos: mesma idade da homenageada e, agora, doutora Maria Bethânia. Antes da assinatura de outorga, professores das cinco faculdades discursaram de modo a explicar a proposta do título.
Foram citados os principais projetos de Bethânia, os álbuns, prêmios, homenagens em todo o mundo, além da ligação da artista com a língua portuguesa e a poesia. Expressões como “dona de magistraturas interpretações musicais e textuais” ou “uma das maiores cantoras que este Brasil já viu surgir” foram citadas pelos docentes, durante os discursos.
Presente na mesa de cerimônia, o reitor da UFBA, João Carlos Salles, também discursou em homenagem a Maria Bethânia e destacou “a alegria pela entrega do título”, em meio ao “momento difícil em que vivemos, sobretudo politicamente”.
“Bethânia expressa essa vitalidade da cultura baiana e eu acho que isso foi reconhecido com a sua força de intérprete, com a sua força de criadora, como é característico da universidade. Ela tem várias referências aqui, como interlocutores e parceiros e nós a temos como uma referência em vários atos nossos”, disse o reitor, que desejou boas vindas e pediu uma salva de palmas à homenageada. Durante o evento, estudantes e professores apresentaram intervenções artísticas cênicas e de canto, com apresentações musicais.
Doutor honoris causa
O título concedido a Maria Bethânia reconhece, segundo as faculdades proponentes, a divulgação e a preservação de dois patrimônios imateriais brasileiros: sua voz e sua poesia. Ao discursar, a cantora baiana disse estar “comovida e enaltecida” com o reconhecimento pela universidade que nasceu no mesmo ano que ela, 1946. Ao fim do discurso, agradeceu aos professores que teve, pais, irmãos, familiares, amigos, a todos os presentes e, inclusive, a quem a “aplaudiu em algum momento da vida”. Em tom de brincadeira, encerrou intitulando-se de “Doutora Maricotinha”.
“Imagina, receber o título de doutor honoris causa, nunca passou na minha cabeça, mas [foi] comovente. [Estou] comovidíssima, muito feliz. Foi uma novidade na minha vida. Fiquei muito feliz, muito feliz. Um beijo a todos e obrigadíssima”, disse à imprensa, ao final da cerimônia.
Maria Bethânia Vianna Teles Velloso é natural de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano. Participou, na juventude, de espetáculos teatrais e shows musicais que lançaram, ao mundo, sua voz conhecidamente potente e singular. Lançou-se, oficialmente na carreira quando, em 1965, substituiu a cantora Nara Leão no espetáculo Opinião, no Rio de Janeiro, ao lado de Zé Keti e João do Vale.
A qualidade de sua interpretação de Carcará, de João do Vale, lhe deu destaque em todo o mundo. Também ligada à poesia, Bethânia lançou um livro com as poesias de seus poetas preferidos, entre eles Fernando Pessoa e Castro Alves.
O título de doutor honoris causa – do latim por causa de honra – é concedido a pessoas que não obtiveram a titulação acadêmica formalmente. Ele é concedido a pessoas de destaque em áreas como artes, ciências, política, causas humanitárias, entre outras, devido às ações e méritos.