O Memorial 2 de Julho, no Largo da Lapinha, recebeu a visita de 40 jovens atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Liberdade, na última sexta-feira (6). A atividade integra uma programação elaborada pela Prefeitura que tem como foco a diversidade, inclusão cultural e saúde mental.
Através do trabalho conjunto envolvendo as secretarias municipais de Cultura e Turismo (Secult), Saúde (SMS) e Educação (Smed), a iniciativa assegura o direito à cultura através do acesso regular e gratuito de crianças, adolescentes e jovens usuários de serviços de saúde mental aos equipamentos municipais. Com os sentidos aguçados, a jovem Sara dos Santos, 17 anos, assistia atentamente as explicações fornecidas por um dos monitores que trabalham no espaço.
“A gente é um povo muito misturado, tem origem portuguesa, africana. Eu acho fundamental descobrir a nossa origem, a partir da importância dessa data que é o 2 de Julho. É a minha identidade, aliás, a nossa”, afirmou a jovem.
Encantados, os adolescentes passearam pelos três pavimentos do espaço cultural que conta a história da luta do povo baiano pela Independência do Brasil, iniciada em 7 de setembro de 1822, mas finalizada em solo baiano apenas em 2 de julho de 1823. Assim que chegou ao equipamento, o adolescente Isaac Freitas, 17 anos, parou diante dos carros com as imagens da Cabocla e do Caboclo, que ficam logo na entrada do piso térreo.
“Muito bonito e colorido. Eu adoro história e ver de perto parte da nossa história é muito legal”, comentou o adolescente. Ele nasceu com um dos espectros do autismo e recebe tratamento no Caps Liberdade há cinco anos.
Acompanhando o grupo, o psicólogo do Caps, Vinícius Correia, ressaltou o viés terapêutico da atividade. “Estar aqui é cuidar da saúde mental deles. Estamos ofertando cultura, fazendo da socialização mais uma ferramenta de melhora dos quadros que atendemos que são diversos. A interação, a possibilidade de conversar, de agregar novos conhecimentos é fundamental no tratamento. Nossa ideia é que esse seja o primeiro de muitos passeios que estão por vir”, disse o profissional de saúde.
Mãe da adolescente Bruna, de 15 anos, a costureira Lilian Aragão fez questão de estar ao lado da filha durante o passeio. Para ela, as atividades fora da estrutura do Caps são fundamentais para a melhora da saúde mental da jovem, que sofre com um dos espectros do autismo e recebe tratamento na unidade há oito anos.
“Ela adora, brinca, conversa, sorri, fica feliz. Faço parte do grupo de mães do Caps e sou verdadeira incentivadora desses passeios. Faz muito bem para ela e para todos eles”, comentou Lilian, emocionada.
Visitações – Além dos carros da Cabocla e do Caboclo, o andar térreo também abriga uma área dedicada ao percurso do cortejo. Um totem interativo permite ao visitante percorrer o trajeto do 2 de Julho, conhecendo e reconhecendo logradouros, edificações e outras referências que materializam a história.
No segundo pavimento encontram-se placas coloridas com palavras de ordem, trechos de hinos, louvores e celebrações que evocam a natureza de ativismo cívico do festejo. No mesmo patamar, uma exposição interativa mostra a festa através de um mosaico com tablets, fotos e espelhos. Ali, os visitantes podem ver e escutar entrevistas e histórias de pessoas comuns, especialistas e líderes da comunidade, registradas e eternizadas no museu.
No terceiro e último pavimento, estão expostos elementos que fazem alusão às fachadas e as janelas de onde moradores do centro antigo assistem aos festejos do 2 de Julho. Uma instalação cenográfica composta por documentos, fotografias e pinturas provoca uma experiência de passeio pelo trajeto do cortejo. Integrados ao ambiente, dois totens interativos trazem a informação dos 200 anos de história, em uma espécie de linha do tempo digital.
Com acesso gratuito ao público geral, o equipamento recebe visitantes de terça a domingo, das 10h às 17h. As visitas em grupo devem ser marcadas por meio de agendamento, através do telefone 3202-7663 ou e-mail [email protected].
Fotos: Otávio Santos/Secom PMS