Presentes no estande Cacau do Brasil, no Salon du Chocolat, em Paris, produtores da matéria-prima fazem bons negócios com fabricantes europeus
A maior feira mundial do segmento de cacau e chocolate acontece nessa semana no Port de Versailles, em Paris, movimentando um mercado pujante de crescente produção e consumo de chocolates finos, também chamados de premium ou gourmet, cujos fabricantes, principalmente os europeus, encontram no Brasil a matéria-prima ideal.
Nesse contexto, é de grande importância que os produtores brasileiros estejam presentes no evento e façam o contato direto com seus clientes e potenciais clientes, que transitam pela feira em busca de fornecedores, muitos dos quais expõem em estandes próprios, como é o caso da Bonnat, renomada fabricante e boutique francesa de chocolates gourmet, do chef chocolatier Stéphane Bonnat, comprador de cacau fino brasileiro que mantém uma relação muito próxima com o Brasil.
“Na minha opinião, é muito importante promover o cacau e o chocolate brasileiros em eventos como este, pois permite que o consumidor final saiba que o Brasil retornou ao mercado, que os chocolatiers internacionais se encontrem com seus parceiros e fornecedores e, sobretudo, permite promover os produtores de cacau”, comenta Bonnat.
Além de renovar as relações comerciais, o Salon du Chocolat é sempre uma oportunidade para novos negócios e ampliação do mercado, e assim tem sido nesta edição do evento, em que produtores, da Bahia e do Pará, presentes no estande Cacau do Brasil, interagem com os compradores e chocolatiers. “Ninguém compra o que não conhece”, disse João Tavares, produtor brasileiro de cacau fino que há 14 anos participa do Salon e de outras feiras ao redor do mundo. “Aqui se reúnem os maiores chocolateiros do mundo, e é preciso mostrar a eles que o Brasil é um grande produtor de cacau de qualidade”, complementa João.
O Estande dos Produtores Brasileiros
Com apoio dos governos dos estados da Bahia e do Pará, o projeto Cacau do Brasil promove o cacau e o chocolate brasileiros desde 2009, tanto em ações nacionais, como a organização dos Festivais do Chocolate e do Cacau, que acontecem anualmente em Ilhéus-BA, como internacionais, agregando e viabilizando a exposição dos produtores e fabricantes brasileiros em estande promocional no Salon du Chocolat.
A Força do Cacau Brasileiro
O cacau brasileiro sempre foi uma referência no mercado internacional, tendo no Sul da Bahia o principal polo de cultivo do fruto no país. No entanto, após sofrer com a destruição das lavouras pela praga conhecida como “vassoura da bruxa”, ainda nos 90, e pela baixa valorização da commodity, os produtores da região precisaram se reinventar.
Com esforços próprios e cooperativados e com apoio de instituições privadas e governamentais, o cacau voltou a ser produzido em larga escala, não só na região da Mata Atlântica baiana, como também na Amazônia paraense, com qualidade ainda melhor, utilizando técnicas de cultivo sustentáveis e responsabilidade social, o que diferencia o produto nacional no exterior e eleva o nível da matéria-prima para um status de cacau fino brasileiro.
Indicação Geográfica de Procedência
Para contemplar o aprimoramento e crescimento da produção brasileira de cacau fino, o INPI – Instituto Nacional de Propriedade Intelectual publicou este ano o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG), na espécie de Indicação de Procedência (IP) da amêndoa de cacau (Theobroma cacao L) produzida na região do Sul da Bahia, abrangendo 83 municípios.
A IG é uma ferramenta de agregação de valor ao cacau fino brasileiro, que impulsiona a divulgação da região, protege a herança histórico-cultural, promove a qualidade e garante a reputação do produto no mercado internacional.