Na prática, isso significa que, até lá, o Estado deve passar por fases de estabilidade da epidemia, intercaladas com momentos em que a taxa de contaminação terá aumentos “mais acentuados”, conforme explica o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral.
Em entrevista ao R7, o médico que coordena as ações de enfrentamento da pandemia em Minas avaliou que os próximos meses devem ser marcados por “idas e vindas”.
— O que temos vistos em vários países é que primeiro se tem uma onda um pouco mais forte e, depois, ao longo do tempo, tem-se pequenas ondas que vão retornando. Mas ainda não é possível afirmar quantas teremos.
O fenômeno do novo aumento de casos, conhecido como segunda onda, já foi alertado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Segundo Amaral, o meio mais eficiente para evitá-lo é a criação de uma vacina, o que ainda não há previsão para ocorrer.
Outra possibilidade levantada por cientistas é atingir a chamada imunidade de rabanho, ocorrida quando a maior parte da população já teve contato com o vírus e, por isto, fica imunizada. O secretário avalia, no entanto, que Minas está longe desta realidade.
Enquanto o cenário não muda, a equipe da SES (Secretaria de Estado de Saúde) vai monitorar a força da epidemia em cada uma das 14 regiões de Minas. Segundo Amaral, caso a situação comece a sair da controle em alguma cidade, o Governo do Estado pode inteferir em relação às medidas de flexibilização.
— O que nós vemos é que a epidemia vai andando. Caso tenhamos alguma região com descontrole muito grande, não nos vai restar alternativa a não ser indicar um lockdown, que seria um isolamento muito mais agressivo.
Pico da covid-19
O pico da epidemia de covid-19 representa a data em que determinada região deve atingir o maior número de infectados no mesmo dia, demandando a maior quantidade de atendimento médico simultaneamente.
Logo após a chegada do vírus no Brasil, a SES calculava precisar de 5.500 leitos de UTI (unidade de tratamento intensivo) apenas para pacientes em estado grave com coronavírus, já no início de abril.
A adoção das medidas de isolamento social garantiu ao Governo Estadual conseguir postergar este pico, pelo menos, seis vezes. Agora, a estimativa atual, que segundo o secretário está se concretizando, prevê o maior número de novos casos para meados de julho – quando deve haver demanda por 1.244 leitos de terapia complexa no mesmo dia.
— Todas as medidas que tomamos é para que convivamos com o vírus sem ter o pico porque ele representa um agravamento na situação e uma dificuldade na gestão de leitos, mas entendemos que as pessoas vão ter a doença. Não tem como não ter, já que não há vacinas.
R7