O ginecologista Alexandre Amaral explica a doença que acomete cerca de 50% da população feminina
Miomas uterinos são neoplasias benignas, formados por células do tecido muscular do próprio útero e miométrio e são a forma mais comum de tumores uterinos benignos. De acordo com o ginecologista Alexandre Amaral, o não acompanhamento de tal patologia pode acarretar em complicações a longo prazo, como a anemia e até a infertilidade. Como normalmente não apresentam sintomas, os miomas uterinos geralmente são descobertos em exames ginecológicos de rotina. Por isso, é importante realizar consultas regulares.
“Os miomas são relativamente comuns e, na maioria dos casos, não provocam sintomas. No entanto, algumas mulheres podem relatar cólica, sangramentos ou dificuldade para engravidar. Nesses casos, pode ser indicado o início do tratamento de acordo com as características do mioma, podendo ser recomendado o uso de remédios para aliviar os sintomas ou cirurgia para retirar o mioma ou o útero, nos casos mais graves”, explica Alexandre Amaral.
O que causa o mioma?
O mioma não tem uma causa muito bem estabelecida, no entanto surge quando as células do tecido muscular que formam o útero se multiplicam de forma desordenada, levando ao aparecimento do nódulo. É possível que essa proliferação desordenada também esteja relacionada com as alterações hormonais da mulher – isso porque os sintomas costumam aparecer em mulheres adultas e regredir após a menopausa.
A doença atinge aproximadamente 50% da população feminina e tem maior incidência entre os 30 e 50 anos de idade, mas pode também ocorrer desde a puberdade. Raça, número de partos, idade e fatores genéticos são considerados fatores de risco para que uma mulher desenvolva miomas.
Tratamento
O tratamento é indicado quando a mulher apresenta sintomas intensos como muita dor ou menstruação abundante, ou quando está tentando engravidar sem sucesso. O tratamento é individualizado para cada caso e irá depender da localização, dos sintomas, do tamanho e do tipo de mioma de cada mulher. Deve ser orientado pelo ginecologista, podendo ser recomendado o uso de:
· anti-inflamatórios para melhorar as cólicas menstruais intensas e reduzir o excesso de sangramento provocado pelos miomas;
· o uso de medicações hormonais, como a pílula, que ajudam a aliviar a intensidade da menstruação e a evitar o crescimento do mioma;
· suplementos de ferro, que previnem e tratam casos de anemia, provocados pelo excesso de sangramentos;
· em alguns casos é indicada a cirurgia para a retirada do mioma;
· e em casos mais graves e que não melhoram com o tratamento medicamentoso pode ser indicado a retirada do útero.
Infertilidade
A prevalência do mioma aumenta com a idade e, à medida que as mulheres decidem adiar a maternidade, isso passa a se tornar mais significativo, como explica o médico. “Embora ainda sejam causas isoladas de infertilidade, sendo responsável por menos de 3% do motivo de infertilidade da mulher, os miomas podem afetar a fertilidade de três formas: alterando a anatomia do útero, tubas uterinas ou ovários; provocando inflamações no endométrio; e/ou alterando a contratilidade miometrial, o que dificulta o transporte do espermatozoide e a implantação do embrião”, conclui Alexandre Amaral.