Hoje tomei um grande susto. Na mesma proporção de sustos que tomei quando da morte de Tom Jobim, John Lenon, Renato Russo e Tim Maia.
Fui apresentado à arte de Moraes Moreira quando adolescente. Tinha talvez 14 anos quando subi a primeira vez para a avenida para ver de perto o que era o Carnaval de rua. Moraes, Pepeu, Baby, Dodô e Osmar… Não era apenas Carnaval. Era magia.
Ainda adolescente passei a seguir Moraes. Sabia de cor suas músicas. Admirava sua poesia simples que falava de amor, vida, alegria. Fui a shows fechados, de rua, no Farol da Barra…
Amava os versos de Preta Pretinha… Enquanto corria, assim eu ia…
Se hoje arrisco escrever, Moraes foi um dos meus estímulos.
Uma de suas melodias, das mais belas, era a canção de ninar de Mariana, minha caçula. Muitas vezes, ela demorava a dormir e do nada, um dia, cantarolei os versos da Lenda do Pégaso, embalando seu sono e me atraindo paz. “Era uma vez, vejam vocês… um passarinho feio, que não sabia o que era nem de onde veio…”.
Amava as Três Meninas do Brasil, mas foi ao som de Chame Gente que descobri o que era realmente o Carnaval de Salvador, cidade que abandonou seu enteado pródigo (ele era baiano, mas de Ituaçu) que foi parar nas bandas de Recife para fazer frevo de boa qualidade, numa cidade que reverenciava a boa música.
Assisti ao último show dos Novos Baianos na Concha Acústica. Fui a Praça Castro Alves no Carnaval de 2018 só para matar a saudade do Pombo Correio. “Leva no bico/ Que eu aqui/ Fico cantando/ Que é pra espantar/ Essa tristeza…”
Aos 72 anos, Por que Parou? Parou por quê?
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Chico Araújo
(jornalista)