A artista, que faleceu neste dia 02/11, teve uma trajetória brilhante nos palcos e nas telas brasileiras. No Teatro Vila Velha, teve importante atuação em períodos diferentes e foi o último palco em que pisou, quando foi homenageada ano passado. A cerimônia de cremação será este domingo (03/11), às 14h, no cemitério Campo Santo
Celebramos a grande diva do teatro baiano! Yumara Rodrigues (Lygia Quintella Lins, 1934 – 2024) , atriz de talento raro e trajetória marcante, deixa um legado profundo na história das artes cênicas. No palco do Teatro Vila Velha, ela construiu parte fundamental de sua carreira, atuando em peças que desafiavam a censura e resistiam aos difíceis anos de chumbo. Foi ali que, em 1965, ao lado da Companhia Baiana de Comédias, sua interpretação poderosa em O Zoológico de Vidro lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz.
Com coragem e intensidade, Yumara viveu a arte, integrando elencos e experimentando novas linguagens ao lado de diretores consagrados como Marcio Meirelles, em duas versões de A Mais Forte (August Strindberg), nos anos de 1983 e 1997; entre tantos outros diretores com os quais trabalhou, estão Amir Haddad e Luiz Mendonça. Entre o Vila Velha e o lendário Dzi Croquettes, sua busca pela expressão plena seguiu forte até o final. Ela atuou ainda em 2 peças icônicas: o Pelicano e Stopem Stopem. E também no Teatro de Cordel. Além de A Flor dos Vinicius.
Hoje, despedimos-nos dessa estrela que brilhou em cena e na memória do teatro brasileiro. Que sua trajetória inspire novas gerações a resistirem, sonharem e criarem com a mesma paixão.
Em agosto de 2023, ela foi homenageada no palco do Teatro Vila Velha, através da leitura cênica da peça Os Dias Lindos de Celina Bonsucesso, escrita por Paulo Henrique Alcântara, a convite do encenador Marcio Meirelles, na programação do projeto VILA LÊ.
+ MAIS sobre a atriz Yumara Rodrigues
Lygia Quintella Lins (Conde, Bahia, 1934). Atriz, diretora e produtora. Nasce numa família tradicional de uma pequena cidade baiana. Sua primeira referência teatral são os circos que passam pela cidade. Ainda jovem, vai para Salvador, faz magistério e começa a trabalhar e estudar. Em 1958, faz teste com o diretor Graça Mello (1914-1979), especialmente convidado para dirigir o espetáculo de inauguração do Teatro Castro Alves, para a peça Um Bonde Chamado Desejo, de Tenessee Williams. Antes da estreia, no entanto, o teatro pega fogo e a programação é cancelada.
Em 1960, atua em O Canto do Cisne, de Tchekhov (1860-1904), e em A Moratória, de Jorge Andrade (1922-1984), papel que lhe rende a medalha de ouro como melhor atriz no I Festival do Autor Brasileiro, em Natal, Rio Grande do Norte. É convidada a participar da primeira novela produzida pela TV Itapoan, recém-instalada em Salvador. A trama, intitulada Colégio Interno (1961), de Luiz Maranhão, é apresentada ao vivo. No mesmo ano, atua no filme de Anselmo Duarte (1920-2009), O Pagador de Promessas.
Em 1981, faz um concurso na Escola de Teatro e torna-se atriz da Companhia de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 1983, é considerada destaque do ano pelo jornal Correio da Bahia por sua atuação em A Mais Forte, de August Strindberg (1849-1912). Conclui a graduação em direção teatral na UFBA, em 1984. Nessa trajetória, inúmeros trabalhos para teatro, cinema e televisão.