A taxa de mortalidade por malária caiu quase 30% desde 2010, mas em 2015 ainda morreram no mundo 429 mil pessoas devido à doença, revela o relatório anual da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o paludismo, divulgado hoje (13). A informação é da Agência Lusa.
“Fizemos progressos excelentes, mas o nosso trabalho está incompleto. Só no ano passado, o saldo global da malária atingiu os 212 milhões de casos e as 429 mil mortes”, informou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, no prefácio do documento.
Publicado anualmente pela OMS, o relatório de 2016 conclui que a taxa de incidência (novos casos) de malária caiu 41% em todo o mundo, entre 2000 e 2015, e 21% entre 2010 e 2015. A taxa de mortalidade diminuiu 62% globalmente entre 2000 e 2015 e 29% entre 2010 e 2015.
Entre as crianças com menos de 5 anos, a taxa de mortalidade caiu 69% nos últimos 15 anos e 35% nos últimos cinco.
Ainda assim, em 2015, o paludismo matou 303 mil crianças com menos de 5 anos em todo o mundo (70% de todas as mortes).
Entre 2000 e 2015, 17 países eliminaram a malária, ou seja, estiveram pelo menos três anos sem casos indígenas da doença, e seis destes países foram certificados como livres de malária pela OMS.
O documento destaca avanços principalmente no diagnóstico e tratamento das crianças e mulheres da África Subsaariana, região que concentra 90% dos casos e 92% das mortes por malária.
Segundo o relatório, em 2015 mais de metade (51%) das crianças com febre que recorreram aos cuidados de saúde pública em 22 países africanos foram sujeitas a um teste de diagnóstico de malária, quando em 2010 apenas 29% o faziam.
Também a percentagem de mulheres grávidas que receberam as três doses recomendadas de tratamento preventivo da malária aumentou cinco vezes, de 6% em 2010, para 31% em 2015.
A proporção da população em risco na África Subsaariana que dorme sob uma rede mosquiteira tratada com inseticida ou protegida por vaporização residual aumentou de 37% em 2010 para 57% em 2015.
“Estamos definitivamente a ver progressos”, afirmou o diretor do Programa Global de Malária da OMS, Pedro Alonso, citado num comunicado da organização. Ele alertou, no entanto, que “o mundo ainda luta para alcançar os níveis elevados de cobertura que são necessários para vencer a doença”.
Os autores do relatório confirmam que cerca de 43% da população em risco na África Subsaariana não estão ainda protegidos pelos métodos primários de controle do vetor da malária, as redes mosquiteiras e a vaporização residual. Em muitos países, os sistemas de saúde não têm recursos suficientes e são pouco acessíveis às pessoas mais vulneráveis.
Em 2015, 36% das crianças com febre não foram levados aos serviços de saúde em 23 países africanos.
No relatório, a diretora-geral da OMS considera “prioridade urgente” o aumento do financiamento dos programas de controle da malária.
Segundo o relatório, o financiamento quase estagnou entre 2010 e 2015, ano em que totalizou US$ 2,9 bilhões, menos que a metade do objetivo.
“Para alcançarmos as metas globais, as contribuições, tanto das fontes domésticas quanto internacionais, devem aumentar substancialmente, alcançando US$ 6,4 bilhões anuais até 2020”, diz Margaret Chan no documento.
A malária é provocada por um parasita do gênero Plasmodium, que é transmitido aos seres humanos pela picada de uma fêmea do mosquito Anopheles.
Existem várias espécies, mas o Plasmodium falciparum é o mais perigoso para os humanos e o de maior incidência na África, onde se concentram 90% das mortes pela doença.
Os primeiros sintomas da malária são febre, dores de cabeça e vômitos e aparecem entre dez e 15 dias depois da picada do mosquito. Se não for tratada, a malária por P. falciparum pode progredir para uma fase grave e levar à morte.
O combate à doença passa por uma diversidade de estratégias, como a prevenção, por meio do uso de redes mosquiteiras impregnadas de inseticida e pulverização do domicílio, assim como pelo diagnóstico e tratamento dos casos confirmados com medicamentos anti-maláricos.
Ainda não existe qualquer vacina para a doença. A OMS anunciou no mês passado que a primeira vacina será lançada em 2018 na África Subsaariana.
Agência Brasil