Uma notícia recebida com bastante animação pela comunidade médica foi a possibilidade de engravidar mulheres que já tiveram câncer de mama depois que passarem pelo tratamento. Segundo um estudo publicado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), o processo de gerar um bebe diminui os riscos de reaparecimento de câncer, portanto, a gravidez pode ser até mesmo recomendada. “Quando a mulher engravida, a produção de progesterona aumenta significativamente e ela para de produzir estrogênio para que o ovário não ovule, essa é uma das medidas protetivas contra o reaparecimento. A amamentação também surte um efeito protetivo através do amadurecimento do tecido das mamas”, diz o especialista em reprodução humana e oncofertilidade, Dr. Giuliano Bedoschi.
A pesquisa analisou 1.207 pacientes diagnosticadas com câncer de mama não metastático (aqueles nos quais as células cancerígenas ainda não se espalharam pelo corpo), com idades inferiores a 50 anos por uma década. Segundo o site da revista Cláudia, do total, 333 participantes conseguiram engravidar, que corresponde a 28% do total.
Dr. José Carlos Torres, mastologista e ginecologista do Hospital Albert Einstein e diretor do setor de mastologia e oncologia feminina do Centro Clínico Campinas, ressalta a importância do estudo e explica que ele pode trazer uma mudança positiva de mentalidade dos médicos “Nós tínhamos um conceito totalmente oposto dez anos atrás, tanto é que o mastologista desaconselhava a gravidez para mulheres diagnosticadas com o câncer de mama pois achava que isso poderia aumentar as chances da doença voltar.” diz ele. “Entretanto, foi mostrado justamente o contrário. O ambiente gestacional é muito bom no ponto de vista da diminuição de riscos”, completa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, 22% dos novos casos registrados por ano são de câncer de mama. Esse é o segundo tipo mais frequente do mundo, sendo mais comum em mulheres. A faixa de maior incidência da doença está no período pós-menopausa, ou seja, depois dos cinquenta anos, mesmo assim, o número de mulheres diagnosticadas mais precocemente aumentou significativamente. As mulheres dessa faixa etária se amedrontam diante do diagnóstico de câncer de mama. Entretanto, quando descoberto em seu estágio inicial, as chances são de 95%, de acordo com estatísticas da Sociedade Brasileira de Mastologia.
“Comparando com as últimas quatro décadas, o percentual de câncer de mama em mulheres mais novas subiu 15% devido não somente a questões genéticas, mas também ao estresse causado pelo estilo de vida da maioria das mulheres que possuem dupla, tripla, e às vezes quádrupla jornada, além da má alimentação”, explica Dr. Torres.
Bahia Notícias