Para combater a violência de gênero no Festival Virada Salvador, a Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), em parceria com a Empresa Salvador Turismo (Saltur) e a startup Super Nina, trouxe uma novidade para dentro do evento: o aplicativo Nina. A ferramenta permite a realização de denúncias de importunação sexual e de demais casos de violência contra a mulher via Whatsapp.
A Nina vai poder ser usada para a denúncia de casos que ocorram dentro do Festival Virada, nos arredores e nas linhas de ônibus especiais que estão prestando atendimento para o evento. Disponível para smartphones, o aplicativo funciona por meio de um QR CODE que dá acesso direto a um Whatsapp para a denúncia.
O Whatsapp dialoga diretamente com a pessoa assistida, por meio da Inteligência Artificial. As mulheres podem se cadastrar, enviando uma mensagem pela plataforma para o número de atendimento nacional (85) 9 3300-7001 ou acessando o QR Code que está sendo divulgado tanto em ventarolas, distribuídas ao público, como nos ônibus especiais do evento.
“A Nina vem como uma nova ferramenta para fortalecer toda a nossa ação relacionada ao combate à violência de gênero nos períodos das festas, especialmente Réveillon e Carnaval, na nossa cidade. Ela é importante porque dá à mulher um espaço e uma possibilidade de ter uma denúncia rápida e eficiente e também nos permite que as mulheres tenham mais segurança nas festas populares”, afirma a titular da SPMJ, Fernanda Lordêlo.
Ela lembra que a denúncia pode ser feita tanto para si como para outra pessoa. Na denúncia, a pessoa poderá dar uma referência do local onde está para facilitar a identificação dos envolvidos e a localização do ato. Caso a ocorrência seja dentro do ônibus, a pessoa poderá informar o número de cinco dígitos que identifica o veículo, para que a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) acione as imagens das câmeras internas.
Novidade – Esta é a primeira vez que a Nina opera em um grande evento. A ferramenta está disponível desde ontem (27) e até o momento ainda não registrou casos de violência. “No primeiro dia da festa, não tivemos notificação. A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) do espaço também não realizou nenhuma notificação de violência contra a mulher. Acreditamos que isso decorre do receio dos homens por ter nesse espaço mais uma ferramenta de proteção”, enfatiza a secretária.
Segundo ela, situações que ocorrerem no Virada Salvador serão tratadas dentro do evento, por meio da delegacia especializada e do Posto Avançado de Atenção à Mulher. Caso seja necessário um acolhimento à vítima, esta será encaminhada à Casa da Mulher Brasileira, que funciona durante 24h.
“Situações quaisquer que ocorram fora do Festival serão tratadas diretamente pela Casa da Mulher Brasileira. E se a mulher sofrer a violência em um dia, mas denunciar em outro ou quiser fazer um registro posterior, o deslocamento será feito também para a Casa da Mulher Brasileira”, explica.
A fundadora da startup Super Nina, Simony César, classificou como uma grande responsabilidade começar o trabalho da ferramenta em grandes eventos em parceria com a Prefeitura de Salvador durante o Festival Virada.
“Mesmo que a pessoa não queira fazer a denúncia diretamente no Whatsapp da Nina, ela pode ir direto ao posto de atendimento avançado da SPMJ, que também usará nosso sistema para registrar a ocorrência. A gente trabalha pré, durante e pós-evento. Trabalhamos para proporcionar um evento seguro para todas as pessoas. Por isso, reforçamos campanhas educativas, alinhamos protocolos e treinamos agentes”.
Funcionamento – A startup Super Nina desenvolve tecnologia integrada para mapear e combater a violência de gênero na mobilidade urbana e em áreas de grande circulação de pessoas. Coordenadora técnica da ferramenta, Ana Carolina Nunes destaca que o primeiro dia de Virada Salvador foi muito tranquilo.
“As equipes têm feito abordagens às mulheres no evento e muitas falam que viram algo sobre o aplicativo, e que estão sabendo dessa possibilidade. Para nós, é muito positivo que elas saibam que podem contar com a Nina. A ideia dela é ajudar as mulheres a darem as informações que são mais importantes para que seja possível processar as ocorrências e para que a própria Prefeitura tenha ciência sobre como tem sido, qual a natureza dessas ocorrências, onde elas têm acontecido. Essas informações podem ajudar a pensar estratégias de prevenção para o futuro”.
Divulgação – Em parceria com a Semob e a Integra, a SPMJ colocou cartazes com o QR Code da Nina em 130 ônibus da rota especial dos dias de festival. Além disso, mais de 7 mil ventarolas estão sendo distribuídas nos dias de evento, e totens espalhados pela arena também fazem a divulgação do aplicativo.
A atendente Monica Leal, de 30 anos, soube do novo canal de denúncia durante o evento e aprovou a iniciativa. “Eu já soube de alguns casos de violência em eventos, principalmente de importunação sexual, então acho superválido que sejam criadas iniciativas como essa”.
Na edição passada, aproximadamente 450 casos de violência de gênero foram identificados pelas equipes da SPMJ, tratados e dialogados.