O Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia, que ostenta um dos acervos de arte sacra mais importantes das Américas, vai comemorar com música os seus 60 anos de vida. A comemoração ocorrerá na próxima sexta-feira, dia 9 de agosto, a partir das 19 horas, com um concerto que reunirá a Orquestra Sinfônica e o Madrigal da UFBA, sob regência do maestro José Maurício Brandão. A entrada é franca.
O concerto terá um repertório que pontua três séculos de produção musical genuinamente baiana. Representando o século XVIII, será executada uma cantata acadêmica de autoria desconhecida que é considerada a música mais antiga produzida por um compositor baiano, datada de 1759. O século XIX será representado por uma peça sacra composta por Damião Barbosa de Araújo, considerado o compositor baiano mais importante da segunda metade desse século.
Para representar o século XX foi escolhida “Oniça Orê”, composição de Lindemberg Cardoso baseada em cantos de tradições africanas. Finalmente, o século XXI estará presente com uma protofonia (prelúdio) composta pelo compositor baiano de música contemporânea Paulo Costa Lima para o Hino do Senhor do Bonfim, de autoria de Artur de Sales e do maestro Antonio Vanderley, produzida para as comemorações do centenário da Independência da Bahia.
O Museu
Mantido pela UFBA, o Museu de Arte Sacra é reconhecido como um dos mais importantes museus no gênero nas Américas, não somente pela sua rara e preciosa coleção de arte sacra, mas também por ela estar abrigada em um dos mais destacados conjuntos arquitetônicos seiscentista brasileiro.
Instalado no antigo Convento de Santa Teresa, o Museu de Arte Sacra da UFBA foi inaugurado em 10 de Agosto de 1959, pelo então reitor da Universidade Federal da Bahia, Edgar Santos. Nessa época, foi assinado um convênio entre a Universidade e a Arquidiocese de São Salvador pelo qual a UFBA obrigava-se a restaurar o conjunto arquitetônico com a assessoria e supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. De lá para cá a UFBA é responsável pela administração da casa, devendo continuar por mais 60 anos de acordo com protocolo recentemente assinado.
O Museu de Arte Sacra ocupa uma área total construída de 5.250m². Sua proposta, desde a criação, esteve voltada não apenas à valorização patrimonial, mas a disseminação do conhecimento à sociedade, através de cursos e pesquisas, servindo como instrumento de investigação científica. Trata-se do primeiro museu universitário da Bahia.
No acervo, como destaca o atual diretor da instituição, Raimundo Portugal, há uma infinidade de pinturas, esculturas, objetos de ourivesaria, mobiliário e azulejaria. Ele destaca entre as pinturas a imagem de Nossa Senhora de São Lucas, considerada primeira pintura produzida no Brasil, datada de 1575.
A arquitetura da Igreja destaque para sua torre sineira ou “espadaña” e para sua imponente e erudita fachada com modenatura de traço maneirista. Marcante também, as duas grandes volutas que ladeiam o corpo central e prenunciam o estilo barroco que marca definitivamente todo o século XVIII no Brasil.