O atual cenário econômico brasileiro faz muitos empreendedores pensarem duas vezes antes de iniciarem um negócio. Como resultado da forte concorrência e do chamado “custo Brasil”, empresários estão se juntando em todo o país com o objetivo de unir esforços e se tornarem mais competitivos. O cooperativismo financeiro já é realidade no Vale do São Francisco e suas vantagens vão do acesso desburocratizado ao crédito às taxas de juros e tarifas mais baixas do mercado.
Com sede ampliada em Petrolina (PE), na última quinta-feira (2), o Sicredi, um dos maiores sistemas de cooperativas do país, disponibiliza os mesmos serviços que um banco tradicional: contas, cartões, empréstimos, investimentos, seguros e consórcios, entre outros. Mas com diferenciais importantes: lucratividade, juros e compartilhamento de resultados, com excelente qualidade no atendimento. Como explica o presidente do Conselho de Administração da entidade, no Vale, Antonio Vinícius Ramalho Leite.
“A Sicredi Vale do São Francisco oferece taxas mais compatíveis com o bolso das pessoas porque, diferente dos bancos, cuja finalidade é devolver os lucros aos acionistas, nós buscamos distribuir nossos resultados com os associados. Ou seja, nós cobramos menos pelos serviços e devolvemos esse lucro na forma de resultados, no final do ano, para os associados do Sicredi”, ilustra.
“No ano passado, por exemplo, a cooperativa obteve R$ 4,6 milhões de resultados. Como o cooperativismo financeiro não tem fins lucrativos, as sobras anuais são isentas de impostos e isso se reverte em mais benefícios ao associado, através de redução de juros, participações e tarifas”, explica o presidente.
Para se ter uma ideia, enquanto nos bancos comerciais a taxa de juros é em média 4,58% ao mês, nas cooperativas, como Sicredi, as taxas caem pela metade, ficando em 2,27%. Tal desempenho tem sido um chamariz para essas entidades, que cresceram 20% em média nos últimos cinco anos, e chegaram a 2018 com 1,1 milhão de associados pessoas jurídicas e 8,1 milhões de associados pessoas físicas.
Só o sistema Sicredi, por exemplo, agrupa 3,8 milhões de associados pelo país e atua em 1.575 agências distribuídas em 22 estados brasileiros, sendo que 202 delas estão em cidades onde não existem instituições financeiras. Na contramão dos bancos, as cooperativas crescem se capilarizando e oferecendo acesso ao crédito mais rápido e juros baixos. “Um ganho que gera desenvolvimento econômico e crescimento social para toda a população”, conclui Antonio Vinícius.
De acordo com a doutora em Economia/Desenvolvimento e coordenadora do curso de Economia da FACAPE, Socorro Macedo, o grande diferencial do cooperativismo financeiro está na forma como ocorre a circulação dos recursos possibilitando um movimento endógeno.
“A proximidade entre associados e dirigentes reduz os riscos e favorece os negócios locais. Os clientes são os próprios associados e também os donos dos negócios podendo participar de todas as decisões”, destacou.
Socorro evidenciou ainda que a segurança desse investimento funciona similar ao que ocorre com os bancos. “As Cooperativas financeiras também possuem um fundo garantidor no valor de até R$ 250 mil por CPF, e seus diretores/dirigentes precisão ser submetidos aos critérios de capacitação e fiscalização exigidos pelo Banco Central”, garantiu a economista.