Alguns médicos liberam grávidas para pintar o cabelo e outros, não. Afinal, é um procedimento seguro para o feto? Segundo o ginecologista obstetra Eduardo Zlotnik, vice-presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, não existe garantia de segurança em pintar o cabelo durante a gravidez. “Para saber se pode ou não, seriam precisos testes. Como não existem, não há comprovação científica. Portanto, recomenda-se evitar”, afirma. Se mesmo assim, a gestante optar por pintar o cabelo, é aconselhável que seja feito após a 20ª semana, mantendo uma distância de 0,5 cm do couro cabeludo.
Mesmo que um produto químico não toque a raiz, como no reflexo, os fios absorvem? Não, segundo a dermatologista Clarissa Prati, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ela explica que apenas o que é aplicado no couro cabeludo vai para o organismo, daí a importância de se manter o produto distante da raiz durante a gestação. Clarissa ressalta que, mesmo que não toque a raiz, a descoloração com amônia não é recomendada, pois a amônia é absorvida por meio da inalação.
É permitido fazer alisamento dos fios? A dermatologista explica que o alisamento utiliza formol. Assim como a amônia, esse produto é absorvido não apenas pelo couro cabelo, mas também pela via respiratória. “Por isso ele é totalmente proibido durante a gestação”, explica.
E os tonalizantes estão liberados? Embora seu uso não costume resultar em problemas para o feto, não existem testes que garantam sua segurança, assim como as tinturas. Antigamente, as tinturas continham metais pesados, então de fato eram terminantemente proibidas. Esses produtos mais modernos são menos nocivos, mas não há a segurança plena. “Obedecendo a distância da raiz acredito que não teria grandes problemas”, diz a dermatologista.
Há restrições quanto ao uso de hidratantes para a pele na gestação? A dermatologista afirma que é preciso ter cuidado com os hidratantes que possuam ureia acima de 3%, ácido retinóico e derivados e ácido salicílico em alta concentração. Já entre os produtos recomendados ela destaca os óleos de uva, glicerina, de amêndoa ou macadâmia, cremes à base de vitamina C até 10% e dexpantenol.
Spray que disfarça cabelo branco pode se usado por grávidas? A dermatologista explica que esse spray é uma tinta sem fixador, por essa razão sai com a lavagem. Se ele é aplicado só no fio, sem tocar a raiz, não tem contraindicação. O obstetra ressalta que não é absorvido pelo couro cabeludo, mas orienta o uso esporádico. “Evite o uso constante” afirma. Clarissa ainda lembra que a gestação é uma fase mais sensível do organismo e a substância pode induzir a algum tipo de alergia. “É preciso um cuidado maior nessa fase mesmo com os produtos que estava acostuma a usar”.
Para prevenir estrias na barriga, é mais indicado óleo durante o banho ou hidratante após o banho? As estrias são mais comuns em grávidas mais jovens, principalmente abaixo de 25 anos, que têm a pele mais resistente e, por isso, com maior risco de se romper, segundo a médica. “A estria nada mais é que o rompimento da pele com o crescimento do abdome”, diz. Ela explica que o ideal é o uso de produtos com formulações com óleo, pois o óleo puro tem atuação superficial na pele. O obstetra ressalta que o surgimento de estria também tem um componente genético.
O xampu a seco pode ser utilizado? Não. Segundo a dermatologista, não está liberado. Ela explica que o produto induz a uma descamação seborreica do couro cabeludo, sensibilizando essa área. Ela acrescenta que também não existe nenhum estudo com esse produto em grávidas.
Um estudo recente mostrou que componentes químicos presentes em alguns tipos de protetor solar são absorvidos e pode trazer riscos à saúde. Existe restrição ao uso de protetor solar? O ideal nessa fase é o uso de fotoprotetores com barreiras físicas, segundo Clarissa. “Eles não são químicos, são físicos. São compostos por substâncias que não reagem com a ação ultravioleta, eles a refletem, impedindo a ação do sol na pele”, explica. São chamados de fotoprotetores minerais. Em geral são à base de dióxido de titânio e dióxido de zinco. Costumam ter fator acima de 50 e serem fluidos, que se adaptam à pele mais oleosa que as gestantes enfrentam, diz a dermatologista.
E o uso de repelente? O obstetra afirma que é mais importante usar do que não usar, caso frequente áreas consideradas de risco do mosquito Aedes aegypti, dando preferência a produtos que já conhece. Segundo a Sociedade Brasileira de Arborivores (SBA), os produtos mais recomendados para grávidas são com Icaridina ou IR3535 e nunca os que contenham a substância DEET, devido à toxicidade.
R7