Especialista esclarece sobre a neuroestimulação, procedimento aliado aos tratamentos de depressão profunda, ideação suicida e até Covid-19
Com a saúde mental ganhando evidência mundial, tratamentos com base em neuroestimulação e neuromodulação ganham espaço e reconhecimento social como aliadas no combate a doenças resistentes ou crônicas, como a depressão profunda, ideação suicida, esquizofrenia, transtorno bipolar em todas as fases da doença, entre tantas outras.
Entre as terapias de neuroestimulação comumente conhecidas, a eletroconvulsoterapia (ECT), apelidada de modo preconceituoso como eletrochoque, é um dos tratamentos mais polêmicos e também mais eficazes para pacientes que passam anos lutando contra certos sofrimentos psíquicos e que não encontram eficácia no tratamento terapêutico e medicamentoso.
A atuação da ECT envolve a aplicação de uma carga elétrica mínima em áreas corticais. “Em algumas situações, como na depressão resistente, a eficácia do tratamento pode ser superior a 90%. É importante frisar que é um tratamento humanizado, sem dor e sem dano ao tecido cerebral. Pelo contrário, a ECT tem efeito neuroprotetor, neurotrófico”, salienta Dr. Lúcio Botelho, psiquiatra e diretor médico da OMNI, única clínica do Brasil a atuar a nível exclusivamente ambulatorial ofertando Eletroconvulsoterapia, Estimulação Magnética Transcraniana e Terapia com Cetamina.
Aliado ao tratamento de Covid-19
Na tentativa de combater as inflamações causadas pelo Covid-19, surge um estudo promissor entre pesquisadores de Harvard e da Uninova, através da eletroestimulação, publicado pela CNN Brasil. Ainda em fase inicial, um estudo piloto pesquisa os efeitos de estímulos elétricos no sistema imunológico de pacientes com Covid-19 grave, que estão internados em um hospital de São Paulo. Através de eletrodos, os pacientes recebem correntes elétricas de baixa intensidade, que atingem o sistema nervoso central e levam a corrente para os órgãos doentes, em um método denominado neuromodulação, conhecido por combater inflamações no sistema imunológico, já que o vírus em si não leva os pacientes a um quadro grave, mas sim a resposta imunológica de forma exagerada.
Propagação de mitos
Ainda hoje, com tantas evidências e comprovações benéficas dos tratamentos terapêuticos que utilizam a neuroestimulação, ainda há um estigma herdado do século passado. As produções cinematográficas foram um dos vetores dos equívocos e desserviço, como a transformação de pacientes em zumbis, após utilizar capacetes ou fios que conduziam choques. Diante de tanto medo, desinformação e fantasia, o melhor caminho para mitigar o estigma é o diálogo, o debate e a exposição clara dos fatos científicos. Vale ressaltar que desde 2002, o Conselho Federal de Medicina (CFM), aprovou a Resolução nº 1.640, subsidiada pela Lei nº 10.216/01, normatizando a aplicação da ECT no Brasil.