Ouvidos atentos para escutar cada ponto da estória da Menina que Chupava Dedo, contada por Catarina Assis, autora do livro. A turminha do Grupo 5 do Centro Educacional ABC sentou-se em formato de círculo na sala de entrada da Biblioteca Municipal Edgard Santos, na Ribeira, e acompanhou cada trecho da leitura, com direito à encenação da autora e à participação com palpites sobre a história.
A atividade foi promovida pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), por meio da equipe da Biblioteca Edgard Santos, em homenagem ao Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado nesta terça-feira (18). A Hora do Conto teve a presença da escritora e gestora do Instituto Educar, Catarina Assis, que fez a contação da história e falou um pouco sobre o hábito de chupar dedo, a ansiedade e o combate ao bullying. O evento ocorreu das 14h às 16h e foi finalizado com uma oficina arte-educativa.
“É muito importante a gente fortalecer essa questão da leitura, principalmente na primeira infância, que é a base. Enquanto bibliotecária, documentalista e gestora de uma ONG que trabalha com mediação de leitura, eu sei o quão importante são ações como essa, que visam a disseminação das informações e a preservação do hábito da leitura, que está se perdendo hoje em dia em um momento em que as crianças estão muito presas à tela do celular, tablete e televisão”, afirma Catarina.
A Bailarina que Chupava Dedo foi inspirado na filha de Catarina e conta a história de uma bailarina negra que usa dreadlocks até a cintura, fugindo dos padrões do balé. Ela é a bailarina mais importante do espetáculo, fica muito ansiosa com os duros ensaios e com medo de não conseguir acertar os passos. Para amenizar, acaba chupando o dedo. A autora é também bibliotecária, biblioterapeuta e gere o Instituto Educar, um espaço de leitura, mediação e formação de leitores, situado na Massaranduba.
“É uma atividade excelente, porque desenvolve o gosto pela leitura. As crianças hoje em dia estão muito em casa e nem sempre essa questão é trabalhada nos lares. Portanto, esse é um trabalho maravilhoso em que eles vivenciam a estória, a brincadeira, o conto. Isso é muito importante para o desenvolvimento deles”, opina Patrícia de Brito, professora das crianças.
Bibliotecas – Visando o incentivo à leitura, Salvador mantém atualmente três bibliotecas municipais, que recebem um público diverso, desde crianças a idosos. São elas: a Edgard Santos, na Ribeira (com uma média mensal de 600 leitores); a Denise Tavares, na Liberdade (com uma média mensal de 400 leitores) e a Nair Goulart, em Valéria (com uma média mensal de 250 leitores). Além disso, a FGM mantém em torno de 29 bibliotecas comunitárias, que atuam em bairros como Calabar, Cajazeiras, Escada, Periperi, Plataforma e Itapuã.
A FGM, em parceria com a Casa Civil, lançou em novembro do ano passado e está trabalhando todo esse ano de 2023 com a Literatura Inclusiva, levando para as bibliotecas municipais, e também para as comunitárias, livros em braile, jogos em libras e painéis em libras. Os profissionais desses espaços de leitura também estão sendo qualificados para que possam receber melhor toda e qualquer criança.
“A intenção do programa Literatura Inclusiva é que todos possam desfrutar do espaço das bibliotecas de maneira igual por meio de materiais e suportes que tornam as bibliotecas mais acessíveis”, conta Jane Palma, gerente de biblioteca e promoção de livro e leitura pela FGM.
Atividades – Além da manutenção das bibliotecas, a Prefeitura desenvolve várias ações de incentivo à leitura dentro e fora desses locais. Anualmente, são realizadas, dentro das bibliotecas municipais e comunitárias, atividades como sarau, contação de histórias, exposições, contos cantados e concursos literários. Além disso, o Município desenvolve o projeto Literatura na Praça, com leitura de livros em espaços públicos da cidade, o Coreto Literário, levando a leitura de livros literários para praças e parques de Salvador nos meses das férias escolares – dezembro, janeiro e fevereiro.
Desde 2017, a Prefeitura também aderiu à Campanha Nacional Esqueça um Livro e Espalhe Conhecimento, que ocorre anualmente, no dia 25 de julho, e consiste em deixar um livro em algum espaço público, levando a leitura para quem o encontrar. “Isso faz com que você circule o livro, você circule a biblioteca pelos quatro cantos da cidade”, conta Jane Palma.
Livro Infantil – Monteiro Lobato é um dos principais autores que dão início à literatura infantil no Brasil com o lançamento de A Menina do Narizinho Arrebitado em 1921. Em homenagem a ele, o Dia Nacional do Livro Infantil foi instituído por lei na data de nascimento do autor, dia 18 de abril.
“Atualmente, Ziraldo e Ana Maria Machado são autores muito importantes para a literatura infantil brasileira. Além de O Menino Maluquinho, Ziraldo tem o livro O Menino Marrom, livro que fala muito dessa diversidade cultural e social e Ana Maria Machado se destaca por Menina Bonita do Laço de Fita e também por Brinco de Listas, livro de poemas muito utilizado para a alfabetização. Em Salvador, temos nomes como Mabel Veloso e Cássia Vales despontando nos últimos dez anos com clássicos e livros com uma linguagem bem contemporânea”, conta Jane.
Ela lembra que a leitura é uma grande ferramenta, não só de conhecimento, mas de integração social e de introdução social. “Ao acabar de ler um livro sobre uma civilização africana, por exemplo, você vai introduzir um pouco a sua vida dentro daquele universo. Através da leitura em um ponto de ônibus, em uma biblioteca ou em qualquer outro local, você também vai se integrar melhor com as pessoas que estão ao seu redor, porque você vai comentar aquele conto, aquele romance”, afirma.
Fotos: Bruno Concha/ SecomReportagem: Priscila Machado/ Secom