No Brasil, são 18,6 milhões pessoas que convivem com a ansiedade. Dietas não acompanhadas de um profissional podem desencadear transtornos alimentares
Em Salvador, o clima de festa e verão, após longos períodos de isolamento social, cria um cenário atraente para o maior consumo de alimentos ricos em gordura, açúcar e sal, além da maior exposição ao consumo de álcool. Em paralelo, há muitas promessas de emagrecer, que vêm acompanhadas no início do ano, o que pode levar, por vezes, a uma alimentação restritiva, sem qualquer acompanhamento profissional. De acordo com especialista, estas dietas estão associadas a fracassos repetidos e podem desencadear compulsão alimentar, aumento do peso, ansiedade e depressão.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo, cerca de 9% da população (18,6 milhões). De acordo com especialistas, uma dieta alimentar saudável pode ser uma aliada na saúde mental e física dos brasileiros.
“A carência de nutrientes essenciais, em geral, tem repercussões no cérebro, assim como o déficit de algumas vitaminas, a citar o folato e a vitamina B12. Em sua ausência elas se relacionam com um estado de ânimo depressivo e com a deterioração cognitiva”, afirma Emile Miranda, nutricionista da clínica Elpis.
Ela também menciona que os alimentos ultraprocessados, como embutidos, bolachas, salgadinhos e refrigerantes, alteram o funcionamento da microbiota intestinal e modificam várias vias neurobiológicas, tanto as associadas ao sono quanto a regulação do apetite, que prejudica o metabolismo energético e o humor.
Outra associação, entre alimentação e prejuízos na saúde mental, está na maior ingestão de açúcar. Em excesso resulta no aumento do apetite e ganho de peso, como ocorre em pacientes com bulimia nervosa, explica Emile, e complementa que na Elpis, eles tratam os transtornos alimentares e outras compulsões de uma forma que vai além de uma lista indicativa do que é orientado a comer.
Crenças sobre a comida
Comportamentos aparentemente inofensivos, como dietas restritivas, excesso ou abdicação de refeições e alimentos, podem esconder questões mais profundas sobre a percepção das pessoas sobre a comida. Segundo Emile, comer vai além de ingerir nutrientes. “É importante perceber dos pacientes as suas crenças, pensamentos e sentimentos sobre a comida. E, então, através de estratégias, que vão desde aconselhamento nutricional, entrevista motivacional, técnicas de terapia cognitivo-comportamental, técnicas do comer intuitivo, comer com atenção plena, diário alimentar, indicação de realização de atividade físicas e competências alimentares, nós conseguimos auxiliar para a melhora do comportamento alimentar do paciente”, partilha a nutricionista.