O Campeonato Baiano de 2019 terá uma grande novidade: a Arena Cajueiro. O novo estádio do Bahia de Feira terá a grama sintética como um diferencial em relação às outras nove praças esportivas. Mas será que o campeão baiano de 2011 poderá tirar proveito da grama artificial na disputa do certame estadual? O Athletico Paranaense passou a utilizar o relvado em fevereiro de 2016 na Arena da Baixada e dividiu opiniões no futebol nacional.
Diretor de futebol do clube sulista na época da implementação, Paulo Carneiro discorda que o Furacão leve vantagem por conta da mudança e não crê que o clube baiano vá tirar proveito. “Não acho que ajude, não. O time do Athletico é que é bom. No primeiro turno [do Brasileirão], eles jogavam lá e não ganhavam e estavam no penúltimo lugar. Foi o time que cresceu. Não é o gramado. O gramado passa por todos os testes da Fifa… Tem calibre para aprovar o gramado e ele está de acordo com as normas da Fifa. O gramado do Anderlecht, da Bélgica, também é sintético. Não é o gramado que vai fazer o Bahia de Feira ganhar”, avaliou.
O ex-presidente do Vitória ainda elogiou e aprovou a mudança: “Eu acho bom [o gramado sintético], porque é um gramado que vai precisar de muito pouca manutenção, não é um gramado, é um tapete plástico. Tem que ter água, pois ele precisa de água, mas não para fertilizar, porque não é o caso, e sim para ficar macio. É um gramado muito bom para jogar, é um tapete que nem uma mesa de bilhar. Fica perfeito. Você se adapta para jogar, como hoje o futebol brasileiro já se adapta ao campo do Athletico Paranaense”.
Presidente do Bahia de Feira, Tiago Souza destaca a estrutura montada pelo clube para os próximos anos. Além do estádio, também foi construído um Centro de Treinamento, composto por bilheterias, lanchonete, sanitários, equipamentos totalmente adaptados para o uso de pessoas com deficiência. Também se investiu em vestiários, apartamentos para a base, suítes para profissionais, auditório com capacidade para 100 pessoas, academia, sala de jogos, posto médico, salas de atendimento para serviços de psicologia, serviço social, fisioterapia, nutrição, entre outros.
“A gente vem ao longo do tempo sentindo muita falta de ter a nossa casa. Não conseguíamos dar continuidade e agora, com o CT, podemos fazer um trabalho na base de médio a longo prazo. Teremos um espaço para alojar 70 meninos e esperamos que nesse trabalho a gente possa estar revelando jogadores nos próximos anos”, salientou o mandatário do clube.
uestionado sobre a utilização da grama artificial, o dirigente considera que o elenco pode sair na frente, mas não pela relva.
“A gente espera que, não pelo fato de ser sintético, mas por treinar onde vai jogar, possamos ter uma vantagem esportiva. O campeonato é muito nivelado, não é uma garantia. Mas sim, a gente acha que por treinar e jogar no mesmo lugar possamos sair na frente”, apontou.
Já o comandante da equipe, Quintino Barbosa, elogia a alteração e admite que não fará ganhar jogos, mas que a maior adaptação em relação aos adversários pode colaborar para o desempenho positivo.
“A grama sintética vem para ficar. É uma realidade no futebol brasileiro. Teremos futuramente mais estádios assim. É melhor do que a grama natural. A bola tem mais condições de correr e hoje temos o melhor campo do Nordeste. A qualidade do espetáculo é garantida. Não vai ganhar jogo, mas terá uma adaptação mais fácil do que os adversários”, salientou Barbosa.
Por outro lado, segundo o treinador, o Bahia de Feira também sentirá a mudança quando for atuar longe de seus domínios. Por conta disso, o clube, que iniciou sua preparação em outubro, optou por fazer amistosos na grama natural, para que não sinta a diferença nas competições oficiais.
“Naturalmente sentiremos uma dificuldade na [grama] natural, por isso temos realizado amistosos fora de casa, para no Baianão não sentirmos tanto assim”, explicou.
Campeão baiano pelo Tremendão em 2011, o experiente arqueiro Jair aprovou a grama artificial. Ele contou que o time tem treinado para tirar proveito da situação.
“Vimos no Brasileiro o quanto as equipes sofrem na Arena da Baixada, esperamos também imprimir esse ritmo, que as equipes venham aqui e sintam… Confesso que é bom para se jogar, o jogo fica rápido, a nossa equipe está se acostumando a atuar nesse tipo de grama e trazer essa situação para nosso favor. Estamos procurando tirar o máximo de proveito da grama, que ela nos favoreça na competição, para que a gente consiga fazer o fator casa prevalecer e conquistar o maior número de pontos”, admitiu Jair.
O atleta de 38 anos também explicou as melhorias que o novo gramado traz para os jogadores: “Foi uma boa escolha, evita lesões… A diretoria foi feliz em colocar esse gramado, a manutenção não precisa ser feita sempre, o que torna importante para a gente, pois teremos um campo para treinar sempre”.
Já Capone, uma das novidades do clube para a próxima temporada, salientou que já treinava na Juazeirense em um campo com grama sintética, e que por isso não demorou a se adaptar ao gramado.
“No começo você sente a dificuldade, a bola quica um pouco mais… No entanto, a gente tenta se adaptar o mais rápido possível. Para mim não foi muito difícil, pois na Juazeirense a gente treinava na grama artificial. Creio que no decorrer do campeonato estaremos evoluindo, conhecendo o campo cada vez melhor”, revelou o volante.
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