O México teve um papel importante para o início da cultura do sisal na região de Conceição do Coité. Foi um mexicano, Horácio Urpia, quem trouxe as primeiras plantas – originárias da África –, há cerca de 50 anos, que se adaptaram muito bem ao clima e solo baiano, sendo incorporadas inclusive como símbolo de identidade do lugar. E é para o México que o grupo O Som do Sisal está de viagem marcada para apresentar o melhor da música nordestina, reunindo instrumentos como a violinha de sisal, rabeca e os tradicionais zabumba, triângulo e sanfona.
O grupo é apoiado pelo Governo do Estado, através da primeira seleção de 2017 do edital de Mobilidade Artística e Cultural, do Fundo de Cultura da Bahia (secretarias da Fazenda e da Cultura). A viagem acontece no dia 28 de julho e os músicos têm apresentações marcadas em Mérida e Cancun. O edital tem mais duas seleções confirmadas neste ano, sendo que uma delas, para atividades entre novembro/2017 a janeiro/2018, terá as inscrições encerradas no próximo dia 27 de junho.
As inscrições são realizadas através do Sistema de Informações e Indicadores em Cultura/Siic. A segunda seleção, com atividades previstas para fevereiro/2018 a março/2018 terá inscrições abertas entre 14 de julho e 12 de agosto. Os artistas e agentes da cultura podem propor atividades de intercâmbio e difusão cultural – com valor limite de R$ 50 mil – e residência e formação artístico-cultural – R$ 25 mil. Cada uma das seleções envolve recursos de R$ 250 mil do Fundo de Cultura da Bahia (secretarias da Cultura e da Fazenda). Essa linha de apoio é voltada para ações que impulsionem a circulação de artistas, técnicos, produtores e obras dentro do Estado, no País e exterior.
Violinha de sisal
De todos os benefícios do sisal, até mesmo a madeira gerada no encerramento do ciclo do vegetal é aproveitada e hoje serve também para a confecção de instrumentos musicais, como a violinha de sisal. O instrumento – que usa como base a estrutura montada a partir da utilização da madeira de buriti – foi testado e aprovado por músicos como Saulo Fernandes. A ideia da turnê, segundo o maestro Josevaldo Silva, coordenador do projeto, é mostrar aos mexicanos essa relação entre os dois países gerada a partir da cultura do sisal. “Os contatos iniciais surgiram com empresas beneficiadoras de sisal na região. Recebemos o convite e buscamos o apoio do Fundo de Cultura”.
O maestro conta que já estão confirmadas cinco apresentações em solo mexicano e outras ainda podem surgir já que o grupo fica naquele País até o dia 10 de agosto. “No retorno, realizemos um workshop no teatro Santo Antônio, em Coité – com capacidade para 300 pessoas – com apresentação dos resultados e também um show para a população local”. As apresentações em solo mexicano servirão para lançar o CD “O Som do Sisal”, todo ele com músicas autorais do grupo e de músicos da região.
“É o primeiro ano desse projeto dentro do edital de Mobilidade, mas já habilitamos outros projetos com recursos do Fundo de Cultura com a Orquestra de Cordas de Santo Antônio. Nosso objetivo é divulgar a música nordestina”, conta o maestro. O superintendente de Promoção Cultural da Secretaria da Cultura da Bahia, Alexandre Simões, enaltece a iniciativa. “O objetivo desse edital é justamente permitir que a cultura baiana seja apresentada em outras praças, impulsionando artistas e também agentes culturais, contribuindo com a inserção do Estado nos cenários nacional e internacional”.