O oeste da Bahia, um dos principais produtores de grãos e fibra do Brasil, deve ampliar o número de culturas, introduzindo a lavoura de cacau na região. Com solos férteis e clima propício, a região demonstra um expressivo potencial para se tornar, também, um grande produtor da principal matéria-prima do chocolate.
A produção nacional do fruto registrou queda, ao mesmo tempo em que houve o aumento na procura pelo cacau. Como a maior parte do cacau produzido em solo brasileiro vem da região de Ilhéus e Itabuna, no sul da Bahia (responsável por 70% de toda produção do País), o objetivo da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) é sanar esse déficit. A alternativa é ampliar a área produtiva no oeste baiano. A região sai na frente como um provável polo cacaueiro da Bahia por conta da topografia que permite a mecanização do plantio, podas, adubações e, inclusive, a quebra do fruto, enquanto que nas áreas tradicionais, no sul do Estado, boa parte desse trabalho ainda é manual, o que eleva o custo de produção.
A produção de cacau no oeste da Bahia, implantada há pouco tempo, a ainda está em crescimento. Alguns agricultores iniciaram três lavouras, sendo duas no perímetro irrigado Barreiras Norte e uma no Perímetro Riacho Grande. Os pioneiros não contaram com acompanhamento técnico, mas obtiveram uma produtividade razoável.
Com o resultado, no ano passado, a Ceplac enviou uma equipe técnica especializada na cultura do cacau para analisar as condições de cultivo. Os técnicos constataram que, apesar de estar em fase inicial, a região tem potencial de atingir, em pouco tempo, uma área de mil hectares de lavoura cacaueira, com produtividade que pode chegar a 250 arrobas por hectares, cinco vezes a produtividade do sul da Bahia, estimada em 50 arrobas por hectares.
Segundo o diretor de Águas e Irrigação da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Cisino Lopes, o incentivo à implantação da nova cultura na região oeste visa, sobretudo, potencializar o poder produtivo da Bahia. “A vocação agrícola da região oeste é forte para culturas como soja, feijão, milho e algodão. Agora, verificamos que a área também pode cultivar o cacau, inclusive com excelentes resultados com o uso de clones mais produtivos, a exemplo do CEPEC 2002 e do PS 1319 (variedades do fruto). E isso é bom para a economia de todo o Estado. A ideia não é competir com a região de Ilhéus, e sim reforçar a produção baiana”, salientou.
Produção
De acordo com dados da Ceplac, em 2016, o país produziu cerca de 147 mil toneladas de cacau e, desse total, 101,5 mil toneladas são oriundas da região sul da Bahia. A expectativa é que a participação do Estado no mercado nacional seja bem maior quando as lavouras estiverem consolidadas na região oeste. Além do chocolate, outros derivados são obtidos a partir do cacau, a exemplo de geleias, manteiga, polpa e licor. O fruto também é amplamente utilizado pela indústria de cosméticos.