A previsão climática para o trimestre março/abril/maio de 2020 indica chuvas em torno de 30% acima da média histórica do período, que é de 821,1mm. Como tem acontecido nos últimos anos, a Prefeitura intensifica as medidas preventivas e emergenciais para eliminar e minimizar os efeitos causados pelas precipitações na cidade, especialmente junto às comunidades mais carentes. Nos próximos três meses (abril, maio e junho), Salvador estará sob a Operação Chuva 2020, cujo decreto foi assinado pelo prefeito ACM Neto, acompanhado de dirigentes e imprensa, nesta segunda-feira (16), no Palácio Thomé de Souza.
Sob a coordenação geral da Secretaria de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis) e coordenação executiva da Defesa Civil de Salvador (Codesal), a iniciativa envolve diversos órgãos municipais e entidades parceiras, dentro do Sistema Municipal de Defesa Civil (SMDC). O objetivo é preparar, de forma mais completa e organizada, a capital baiana para enfrentar o período chuvoso, que tradicionalmente ocorre entre março a junho. As ações preventivas são contínuas, mas nesses quatro meses a Prefeitura reforçará as atenções nas áreas de risco.
O prefeito salientou que a Operação Chuva é realizada justamente no período em que são intensificadas as chuvas na cidade (abril, maio e junho) e que a Prefeitura vai trabalhar nesse período com a equipe totalmente mobilizada. “Vamos redobrar a atenção e o esforço com relação às chuvas. Sabemos que, no caso de Salvador, elas trazem muitos riscos para a nossa população e a Prefeitura está totalmente preparada para enfrentar esse episódio”, afirmou ACM Neto.
Ele ainda aproveitou para convocar a população para colaborar na realização das ações de prevenção e enfrentamento aos efeitos do período chuvoso, no intuito de preservar vidas. “É um conjunto de investimentos que estão sendo anunciados e, mais do que isso, está sendo feito um apelo ao cidadão que se junte à gestão nesse esforço de proteger a vida das pessoas. Já há atuação muito forte da Prefeitura nas áreas de maior risco, mas a atenção deve ser de todos, desde não jogar lixo em canais e encostas, até mesmo, em casos mais urgentes, sair de casa caso sejam acionados os alarmes”, disse o gestor.
Investimento – O investimento total este ano é de R$ 55,5 milhões. Parte dos recursos será empregada, por exemplo, na intensificação do uso de tecnologia do Sistema de Alerta e Alarme. Será aberta licitação para implantação de mais oito sirenes em áreas de risco, com investimento de R$ 840 mil. Estes equipamentos se somarão a outros 11 já instalados em dez localidades.
Buscando aprimorar o monitoramento do tempo e do clima por meio do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), a Codesal também implantará mais seis estações hidrológicas, cujos recursos previstos serão de R$ 285 mil. Vale lembrar que o município possui duas estações hidrológicas no Rio Camarajipe e outras duas estações meteorológicas no Parque da Cidade e Monte Serrat.
O diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, afirmou que a cidade tem apresentado índices históricos de chuva nos últimos anos. “Isso demonstra os efeitos das mudanças climáticas. Em janeiro, pela primeira vez, Salvador teve chuva de granizo e, em novembro último, talvez o maior acumulado de chuvas da história da capital em pouco espaço de tempo. Por isso, a Defesa Civil está se preparando e trabalhando em conjunto com outros órgãos envolvidos no Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil para que os efeitos sejam minimizados ou mesmo mitigados nesse período das chuvas.”
Etapas – Assim como nas edições anteriores, a Operação Chuva 2020 é dividida em duas etapas. Uma delas é a Preparatória, que corresponde à intensificação das ações preventivas. A outra etapa, de Alerta, prevê a adoção de ações de monitoramento e resposta a situações de risco ou desastre durante o período de vigência da operação.
Na etapa Preparatória, as ações envolvem limpeza de canais e córregos (macrodrenagem); manutenção preventiva da rede de microdrenagem, especialmente a limpeza de bueiros do sistema de águas pluviais; vistoria e poda ou erradicação de árvores sob risco de tombamento; e remoção de materiais de construção e resíduos de obras dispostos indevidamente nas vias públicas.
Além disso, abrangem limpeza de encostas e remoção de lixo acumulado; drenagem superficial de águas lançadas nas encostas; manutenção e recuperação de escadarias; manutenção da pavimentação asfáltica (tapa-buracos); monitoramento de pontos críticos de alagamentos e plantio de árvores em áreas do município. As medidas envolvem, ainda, sensibilização da população moradora em áreas de risco, com o apoio de Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdec) e dos Voluntários da Defesa Civil, entre outras medidas.
Na etapa de Alerta, as iniciativas envolvem remoção preventiva de moradores em situações de alto risco, com a concessão de auxílio moradia, quando cabível; demolição imediata de imóveis condenados pela Codesal; ações de socorro e assistência à população; avaliação de danos; desmontagem de estruturas danificadas; remoção de escombros e limpeza de ambientes; e incremento das vistorias técnicas de imóveis e áreas de risco, com notificação aos moradores, sempre e quando necessário.
Também serão promovidas a intensificação do acompanhamento das condições meteorológicas, com base nas informações do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec); monitoramento de campo em pontos críticos de deslizamentos e alagamentos; e a informação e mobilização da população moradora em áreas de risco.
Ações contínuas – Hoje, Salvador está mais preparada para os efeitos das chuvas graças às intervenções que são feitas ao longo do ano, com as obras de contenção de encostas, implantação de geomantas, serviços de macro e microdrenagem, recuperação de escadarias drenantes, aplicação de lonas, conscientização e treinamento das comunidades e investimento em tecnologia.
Desde 2016, já foram implantadas 195 geomantas em encostas e mais 11 encontram-se em andamento, beneficiando cerca de 57 mil pessoas. O investimento é de R$ 19,2 milhões. Nos últimos sete anos, a cidade também foi beneficiada com 87 obras de contenção – há 14 em execução e duas a iniciar – totalizando mais de R$ 134 milhões.
Entre janeiro e fevereiro de 2020, foi feita a colocação de mais de 43 mil m² de lona plástica em 311 áreas de risco, em um trabalho realizado em parceria com a Limpurb.
No campo educativo, há ações voltadas para promover o protagonismo comunitário por meio de programas como os Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdec), que já capacitou 2.367 pessoas que vivem em áreas de risco.
O Programa Defesa Civil nas Escolas (PDCE), por sua vez, visa formar multiplicadores em temas relativos à percepção de risco e defesa civil na rede escolar municipal. São 72 unidades que participaram da iniciativa, abrangendo 8.862 alunos. Além disso, 24 simulados de evacuação foram feitos nas comunidades que contam com o Sistema de Alerta e Alarme, a fim de preparar os moradores para períodos de chuvas intensas.