Marco histórico, os 50 anos de Stonewall foram lembrados na Casa pelo mandato do vereador Marcos Mendes
“Onde o orgulho começou”. Marco histórico da luta pelos direitos do público gay, lésbico e trans, a Revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, em Nova Iorque, recebeu homenagem em sessão especial promovida pela Câmara Municipal de Salvador. Símbolo de resistência, a data celebra o Dia do Orgulho LGBTQI+. O evento realizado no Plenário Cosme de Farias, na noite desta sexta-feira (28), foi requerido pelo mandato coletivo do vereador Marcos Mendes, do PSOL. A solenidade teve as drag queens Rainha Loulou e Valerie O’rarah, respectivamente, como mestre de cerimônia e interprete do Hino Nacional.
Em seu discurso, o idealizador da sessão traçou um breve histórico sobre Stonewall, destacando o caráter de insubordinação do levante e os acontecimentos revolucionários influenciados pela data. “Muitas pessoas que viviam no gueto, na clandestinidade profunda, que muita gente chamava de eterno exílio, em Stonewall In, um bar LGBT, as pessoas acabavam tendo liberdade”, lembrou Mendes. Ainda em sua fala, o vereador se associou aos convidados que lotaram o plenário. “Resgatando toda essa luta e essa força de Stonewall, todo esse processo revolucionário, quero dizer que hoje eu sou gay, hoje sou lésbica, hoje sou transexual, transgênero, sou travesti, sou queer”, disse sob aplausos.
Homem trans e assessor legislativo no mandato do vereador Marcos Mendes, Bruno Santana dedicou o evento à resistência diária ao preconceito. “Dedicamos esta sessão a todos os corpos que fazem da vida uma luta pela existência”, expressou.
Stonewall
Em uma abordagem policial ocorrida no bar Stonewall, conhecido na época como local de encontro da população LGBTQI+, travestis e drag queens foram agredidas por não estarem vestidos como mandava a lei. Treze pessoas foram detidas e levadas pelos policias, de forma violenta, para a delegacia. A partir da repercussão do acontecimento, parte da comunidade de gays, lésbicas, pessoas trans e travestis, que até então viviam escondidas e silenciadas, se rebelaram, se organizaram e tomaram as ruas com protestos nos arredores do Stonewall. Foram seis dias de manifestações, dando início ao dia do Orgulho LGBTQI+.
Representações
Durante a sessão especial, várias personalidades que representam o público LGBT foram homenageadas com placas pela atuação social e política. Um dos prestigiados foi o jornalista e ex-deputado federal Jean Wyllys. Da Europa, onde vive atualmente, o baiano de Alagoinhas gravou um vídeo exibido em telão.
“A partir desta batalha, travada no bar Stonewall, emerge a noção de orgulho que vai mudar a face do movimento LGBT em todo mundo. A ideia de orgulho passa a ser importante, de fazer a passagem da vergonha para o orgulho, de se assumir, de sair dos armários e ocupar todos os espaços”, observou Wyllys, lamentando a ausência.
Ao lembrar os 50 anos de Stonewall, o professor da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Kleber Simões, o ativismo nacional é tão pioneiro quanto o americano daquele 28 de junho e defendeu: “Nossa política LGBT precisa ter visibilidade”.
Além de Marcos Mendes e Kleber Simões, também integraram a mesa do evento a pedagoga Thiffany Odara; o economista e militante da Rede Afro LGBT, Nilton Luz; a bacharel em Recursos Humanos Milly Costa; a estudante de Artes Mirian Hapuque; o militante Diego Nascimento; e Adriana Sampaio, doutora em Design e mãe de um homem trans. A sessão contou com diversas apresentações artísticas.