O cardápio básico da mesa do brasileiro é o mais afetado com o impacto da inflação. Os preços desses alimentos registraram crescimento acima da inflação. Segundo a Apas (Associação Paulista de Supermercados), o aumento das exportações, a valorização do dólar, a quebra de safra e o crescimento da demanda interna explicam a pressão pelo reajuste de preços. Veja a seguir os itens que registraram mais aumento:
O arroz, por exemplo, está com inflação acumulada em 21,1% em 2020, segundo a Apas. O preço médio do arroz agulhinha registrou em agosto alta em 15 capitais, com destaque para Porto Alegre (17,91%), Campo Grande (13,61%) e Goiânia (10,56%), ficou estável em Curitiba e recuou -1,45% em Brasília. O aumento se deve à retração dos produtores, que aguardam melhores preços para comercializar o cereal e efetivam apenas vendas pontuais, de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Apesar de o preço do feijão ter recuado em 14 capitais, o acumulado no ano é de 23,14%. O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, variou entre -25,53%, em Campo Grande, e -1,47%, em Brasília. Já o custo do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, subiu em Porto Alegre (5,00%), Curitiba (3,27%) e na capital fluminense (0,82%). Já em Vitória (-1,41%) e Florianópolis (-1,96%), o valor médio diminuiu. A fraca demanda pelo grão carioca, mesmo com a baixa oferta, explicou a queda dos preços. Para o tipo preto, a importação supriu a falta do feijão nacional, que está em fase de plantio, e o preço aumentou devido ao câmbio desvalorizado, segundo o Dieese.
O leite integral é o terceiro vilão dos preços, com um acumulado neste ano de 21,62%, de acordo com a Apas. Em agosto, as elevações nos valores do produto variaram entre 1,43%, em Brasília, e 11,10%, em Curitiba. Apenas em Vitória, o preço ficou estável. A necessidade de refazer estoques, a competição por matéria-prima e a baixa disponibilidade de leite no campo culminaram em elevação de preço dos derivados lácteos.
O valor do óleo de soja apresentou alta em todas as capitais em agosto, com destaque para Campo Grande (31,85%), Aracaju (26,47%), Rio de Janeiro (22,39%) e Porto Alegre (21,15%). O Dieese explica que as demandas interna e externa têm elevado as cotações da soja e derivados. O acumulado do ano chega a 9,56%, segundo a Apas.
Em 12 capitais, o valor médio da carne bovina de primeira registrou alta: variou de 0,59%, em Aracaju, a 8,89%, em Campo Grande. Em Natal, o preço apresentou estabilidade e, em outras quatro cidades, houve queda: Porto Alegre (-0,55%), Vitória (-0,59%), Florianópolis (-0,90%) e Brasília (-1,35%). A baixa oferta de animais para abate no campo e o desempenho recorde das exportações, em especial para a China, resultaram em preços elevados.
Essa alta vem sendo sentida pelos supermercados que na semana passada enviaram comunicado para Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), denunciando os reajustes de preços de arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, a alta tem sido generalizada e repassada pelas indústrias e fornecedores.
R7