Produtos ricos em substâncias como o ácido graxo ômega 3, a alicina, a antocianina e a vitamina C são classificados como alimentos antiinflamatórios por terem a capacidade de aumentar a secreção de alguns hormônios que inibem e/ou bloqueiam a ação inflamatória para reparar uma lesão. “O processo inflamatório serve como barreira do organismo para microrganismos nocivos não penetrarem nas mucosas e feridas e comprometerem a saúde.
Os alimentos têm papel importante nesse processo, pois ajudam a fortalecer o sistema imunológico e o equilíbrio de todas as funções básicas do organismo”, afirma Roseli Rossi, nutricionista especialista em Nutrição Clínica, ao acrescentar que, atualmente, muitos estudos estão em desenvolvimento no mundo para explicar a atividade antiinflamatória de alguns compostos existentes nos alimentos.
Os pesquisadores relatam que a quantidade de agentes fitoquímicos – vitaminas, minerais e antioxidantes –, de ácidos graxos essenciais, de complexos bioativos e a carga glicêmica dos alimentos são os fatores que conferem maior ou menor capacidade antiinflamatória a eles. Baseada nesses critérios, a nutricionista norte-americana Monica Reinagel, autora do livro The Inflammation Free – Diet Plan, conseguiu atribuir em suas pesquisas um Fator Inflamatório (IF) a uma série de alimentos, que exercem impacto positivo ou negativo sobre o organismo quando entra na circulação.
Na tabela de Reinagel, por exemplo, o alho macerado está no topo dos classificados como antiinflamatórios, já que possui substâncias bioativas com potencial de modular o processo inflamatório. O salmão está em segundo lugar, seguido do atum e da cebola. Os peixes, em especial de águas frias, são ótimas fontes de ácidos graxos ômega-3, que são convertidos em substâncias semelhantes aos hormônios que reduzem inflamações, assim como o azeite de oliva extravirgem e a semente de linhaça. “O ômega 3 é um ácido graxo monoinsaturado que colabora com a redução do LDL-colesterol e o aumento do HDL. Com o colesterol em dia, esses nutrientes antiinflamatórios acabam tendo função cardioprotetora também”, informa Roseli Rossi.
A nutricionista explica ainda que os nutrientes presentes no chá verde favorecem a menor absorção de gordura e a redução do LDL-colesterol, o que diminui o risco para doenças cardiovasculares. Também estão na lista de nutrientes antiinflamatórios a vitamina C, presente nas frutas cítricas e nos brócolis; a antocianina existente nas frutas vermelhas como romã, melancia, cereja, morango e goiaba; o licopeno do tomate e a quercetina da maçã, entre outras verduras e frutas que possuem fitosubstâncias com propriedade antiinflamatória.
Os benefícios dos alimentos probióticos
Considerados alimentos funcionais pelas autoridades de saúde do mundo inteiro, os alimentos probióticos – a exemplo do leite fermentado Yakult com Lactobacilos casei Shirota – contêm bactérias que oferecem diversos benefícios à saúde, com destaque para a ação antiinflamatória do intestino. Esses microrganismos colonizam e participam da proteção do aparelho digestório, diminuindo a concentração e a ação de bactérias patogênicas. “Junto com as fibras, os alimentos probióticos favorecem a melhor digestão e a eliminação de substâncias tóxicas do organismo, e aumentam expressivamente o valor nutritivo e terapêutico dos alimentos, fato que ajuda a fortalecer a imunidade”, destaca Maria Del Rosário, médica nutróloga e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia – Regional Santa Catarina (Abran-SC).
Alimentos que estimulam a inflamação
Assim como a Ciência busca explicar a ação antiinflamatória de alguns nutrientes, os pesquisadores também alertam para a inflamação anormal, de ordem patológica e crônica, como a obesidade, o diabetes e outras doenças, que podem ser favorecidas pelo consumo de substâncias inflamatórias presentes em alguns alimentos. Batata assada, batata frita, bolos, biscoitos, trigo branco e farinha integral são alguns exemplos de alimentos com alto índice glicêmico e que estimulam a inflamação anormal. “Ainda há muito o que estudar e comprovar a respeito. O que se sabe é que, no mundo atual, há um grande desequilíbrio no consumo de substâncias biologicamente ativas e compostos inflamatórios, como os produtos industrializados, ricos em gordura trans que causam diversos transtornos alimentares”, alerta Maria Del Rosário.
Do Doutíssima