Apesar da hepatite C ser uma doença comum, muitos brasileiros não sabem que têm a doença. Só no Brasil cerca de dois milhões de pessoas são portadoras do vírus, porém, menos de 15% delas são diagnosticadas, de acordo com a SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia). Estudos mostram que o vírus da hepatite C é capaz de gerar alterações na insulina, por isso, pacientes com essas alterações têm quatro vezes mais riscos de desenvolverem diabetes tipo 2.
Segundo o hepatologista e professor da Unifesp (Universidade de São Paulo) Edison Parise, o vírus da hepatite C “bloqueia parte da insulina, impedindo que ela regule o metabolismo da glicose no organismo, favorecendo o desenvolvimento de diabetes”.
— Essas alterações prejudicam o fígado, já que provocam o acúmulo de gordura. Se estivar mais avançada, causa cirrose e tem risco de desenvolvimento de câncer de fígado.
Pacientes que já tem diabetes também estão mais propensos a desenvolver hepatite C, já que pessoas diabéticas realizam muitos exames sanguíneos e podem ser expostas a sangue contaminado. Diabetes é uma doença crônica que afeta a forma como o corpo metaboliza a glicose.
A hepatite C é um vírus que é adquirido pelo contato com sangue contaminado por meio de agulhas e objetos cortantes, como alicates de manicure. Entretanto, o maior problema é que cerca de 90% das pessoas que tem a doença, não apresentam nenhum sintoma.
O endocrinologista Luiz Turatti, presidente da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), ressalta a importância do diagnóstico precoce.
— É importante fazer o exame anti-HCV, que detecta o vírus e que está disponível no SUS [Sistema Único de Saúde] em qualquer UBS. Para que se identificado, o tratamento possa ser iniciado precocemente. A cura pode chegar em torno dos 98%.
Para fazer o teste anti-HCV, que serve para detectar a doença, basta uma pequena quantidade de sangue, a partir de uma picada no dedo. O tratamento consiste no uso de um medicamento com pouco ou nenhum efeito colateral, que deve ser tomado duas vezes ao dia, durante três meses. O remédio também está disponível no SUS.
Segundo o presidente da SBD, boa parte dos médicos e da população não sabem ou não fizeram a ligação entre as duas doenças.
O Brasil é a 8ª população do mundo com mais pacientes com Hepatite C. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de pessoas que morrem por hepatite é maior do que por HIV. A Estratégia Global do Setor da Saúde da OMS sobre as hepatites virais tem o objetivo de testar 90% e tratar 80% das pessoas com hepatites B e C até 2030.
Campanha “Na ponta do dedo”
As sociedades brasileiras de Diabetes (SBD), Hepatologia (SBH) e Infectologia (SBI) lançaram nesta quinta-feira (20) a campanha nacional de conscientização Na ponta do dedo — faça o exame, por trás da Diabetes tipo 2 pode estar a Hepatite C. O objetivo é estimular a população a fazer o exame que detecta o vírus da hepatite C.
A campanha foi lançada para aproveitar o Julho Amarelo, mês de prevenção e controle das hepatites virais, e a proximidade com o dia 28 de julho, data instituída pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como o Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais.
O objetivo é disseminar para médicos e pacientes a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto que tem 90% de chance de cura.
R7