Morreu na tarde de quinta-feira (21), no Hospital Ernesto Simões, em Salvador, José Carlos Terra, de 65 anos, pai de Lucas Vargas Terra, assassinado na capital baiana no ano de 2001. A informação foi divulgada pela mulher dele, Marion Terra.
O sepultamento de José Carlos será realizado, nesta sexta (22), no cemitério Bosque da Paz, às 13h30.
Ele estava internado desde a última terça-feira e, segundo a esposa, teve uma parada respiratória decorrente de uma cirrose hepática, diagnosticada no ano passado.
Marion disse que ele teve o estado de saúde agravado em novembro, após receber a notícia de que a decisão que indicou o envolvimento do bispo Fernando Aparecido da Silva na morte do filho havia sido anulada pelo Ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), por falta de provas.
“No início do ano passado, Carlos sofreu um pequeno acidente em Roma, na Itália, onde passamos um tempo. Ele caiu e teve uma série de complicações, quando descobrimos que ele sofria de cirrose hepática. Além da doença, ele estava depressivo. Esteve um período internado em Roma. Em novembro, voltamos ao Brasil e recebemos a notícia de que a decisão havia sido anulada”, destacou Marion Terra.
“Foi um baque para nós mas, mesmo assim, ele não desistiu. O tempo inteiro, ele buscava respostas. A gente não entendia porque o processo estava aqui em Salvador e ainda não tinha sido julgado. Ele só pensava nesse processo. Carlos foi vencido pela impunidade, mas eu não vou desistir, eu serei a voz dele nessa luta”, disse a mulher.
José Carlos Terra deixa esposa, dois filhos e quatro netos.
Morte do filho
O crime contra o adolescente Lucas Vargas Terra aconteceu em março de 2001, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no bairro do Rio Vermelho, na capital baiana. Na época, a vítima tinha 14 anos e foi estuprada antes do assassinato. Lucas foi queimado vivo.
Na época, o pai da vítima apontou como motivo para o crime o fato do seu filho ter flagrado os pastores Joel e Fernando fazendo sexo, com base no testemunho de Galiza, dado depois da condenação.
O corpo de Lucas foi encontrado carbonizado em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama.
Os suspeitos do crime foram apontados como sendo os pastores Joel Miranda, Fernando Aparecido da Silva e Silvio Roberto Galiza.
Em novembro de 2013, a juíza Gelzi Almeida inocentou os religiosos. A família de Lucas recorreu e, em setembro de 2015, o recurso de apelação foi julgado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Os desembargadores decidiram, por unanimidade, que os religiosos fossem à júri popular. Foi então a vez da defesa dos ex-bispos recorrerem. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a decisão do TJ-BA.
Em 2012, Silvio Roberto Galiza foi condenado a 18 anos de prisão — pena que depois foi reduzida para para 15 anos. Fernando e Joel aguardam julgamento popular em liberdade. Em abril de 2017, o STJ negou recurso especial para os acusados, que pediram a suspensão do júri popular. Em 2018, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, anulou, por falta de provas, o processo que envolve a participação do bispo Fernando Aparecido da Silva na morte de Lucas
G1