Buscando comprovar seu caráter eclético a cada ano, o Carnaval de Salvador se consolida, edição após edição, como a folia mais diversa do planeta. Acontece que na terra do axé também brilham ritmos aparentemente díspares, como sertanejo, música eletrônica, jazz, samba de todas as vertentes e o rock.
Para atender aos fãs dos dois últimos gêneros, a Prefeitura oferece o Terreiro do Samba e o Palco do Rock, brindando aqueles foliões que buscam a raiz do Carnaval brasileiro, com seus cordões de samba e chulas, e consegue ainda agradar aos adeptos das diversas correntes do ritmo norte-americano, desde a suavidade do pop até o extremo do metal, passando pela contestação crua e minimalista do punk.
Retorno às origens – Chegando à sua vigésima terceira edição, o Palco do Rock promete um retorno às origens, trazendo bandas como Pastel de Miolos, Drearylands, Headhunters DC e Malefactor, todas decanas da cena alternativa baiana na década de 1990, quando teve início a presença do estilo na folia momesca.
Segundo a produtora Sandra de Cássia, que comanda o evento desde 1994, a expectativa de público para os quatro dias de folia distorcida no Palco do Rock é de 32 mil pessoas, para curtir as 34 bandas que começam a se apresentar a partir das 19h deste sábado, na Praça Wilson Lins, na Pituba. A festa ocorreu por duas décadas no Coqueiral de Piatã. Há dois anos, a folia roqueira passou a ser realizada no Jardim de Alah. A mudança para a Pituba ocorre por conta da realização de obras no espaço oficial.
A edição deste ano traz como tema “Palco do Rock: A Origem” e, de acordo com a produtora, busca resgatar apresentações de bandas historicamente vinculadas ao espaço ao longo de duas décadas de sucesso. “Continuaremos a apresentar novidades, mas a edição deste ano busca trazer um pouco da história do Palco do Rock, com apresentações de bandas que marcaram o evento nos últimos 23 anos, como Drearylands, Pastel de Miolos, Malefactor DC e Headhunter”.
De acordo com Sandra Cássia, o espaço foi criado como uma forma de resistência do estilo durante os dias de folia. “Havia a necessidade de criar esse espaço para o rock dentro da diversidade que é o nosso Carnaval, o que torna a folia ainda mais eclética e irrestrita”, finaliza.
Retorno – Decano na folia roqueira, o cantor, compositor e agitador cultural Leonardo Leão celebra o retorno ao que considera o principal palco de sua vida. Vocalista da Drearylands, Leão estreou no Coqueiral de Piatã quando a banda de metal ainda se chamava Shadows.
“O Palco do Rock tem uma importância enorme em nossas carreiras. Foi justamente nesse palco que lançamos o primeiro CD, o retorno da banda, em 2016, após hiato de uma década, ocorreu neste espaço, e agora vamos lançar o terceiro álbum na mesma situação. Esta é uma opção já consolidada no Carnaval da Bahia. Não apenas para pessoas que buscam alternativas ao Carnaval, mas para quem curte Carnaval e gosta também de rock, ganhando assim outras opções”, garante Leão.
“O Palco do Rock tem fundamental importância para o Carnaval da Bahia. Sempre defendemos que a festa é um espaço de diversidade musical. Há opções até para quem não gosta do Carnaval, como costumamos brincar. Pois aqui tem o rock, o palco Multicultural, com rap, hip hop e reggae, música eletrônica e o Terreiro do Samba, garantindo esse ecletismo”, emenda Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur).
Cruz Caída – Montado sobre as ruínas da antiga Catedral da Sé, na atual Praça da Cruz Caída, o Terreiro do Samba trará 20 atrações explorando as mais variadas vertentes do estilo que, desde a gravação de “Pelo Telefone”, há 101 anos, dita as regras do Carnaval no Brasil. A festa começa às 19h deste sábado (25), com as apresentações da Tribo do Samba, Diumbanda (ex-Companhia do Pagode), Pra Sambar, Q Samba e Sou do Samba.
Completando 10 anos de estrada, o Pra Sambar traz uma nova configuração para a apresentação deste sábado, incorporando o novo vocalista, Wellington e as dançarinas Jaqueline e Sandra. O grupo levará ao público um repertório composto por clássicos do samba, passando pela chula, o samba de roda, até chegar ao pagode romântico dos anos 1990 e às variações modernas do pagode baiano.
A festa do samba no Carnaval 2017 acontece até a terça-feira (28), trazendo ainda Cat’s Samba, Samba D+, Jaguarama e Banda, Samba do Farofa, Viola de Doze, Firmino de Itapuã, Beijo Bom, Samboleiro, Walmir Lima e Samba de Verdade. O último dia de Carnaval reserva ainda as performances dos grupos Samba das Estações, Banda Aro7, Fora da Mídia e Lucy Laura.