Ao menos dois influenciadores digitais afirmam ter sido procurados nos últimos dias por uma agência de propaganda que atuava em nome do governo federal. A proposta era para que eles publicassem textos favoráveis à reforma da Previdência nas redes sociais em troca de pagamento.
O valor que o governo está disposto a pagar por publicação patrocinada não chegou a ser acertado com a professora e influenciadora Flavia Gamonar, que recusou a oferta.
“Receber uma proposta dessa e poder cobrar o que você quiser pode mexer com a cabeça de muita gente. Mas por uma questão ética e de valores pessoais decidi não aceitar”, publicou em seu perfil.
O jornalista Murillo Leal também recebeu uma proposta e afirmou, no LinkedIn, que recusou.
“Era um ‘convite’ do governo federal. Sendo influenciador aqui, queriam que eu escrevesse [positivamente] sobre a reforma da Previdência. Não acreditei. Chequei e era real. Estão investindo em publicidade”, escreveu.
Ele ainda acrescentou que “o dinheiro público deve ser destinado a outras prioridades” e que não apoiaria “um presidente com altíssima rejeição pública”.
O Congresso aprovou, em novembro do ano passado, R$ 99,3 milhões para que a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República) gaste com ações de publicidade que incluem a reforma da Previdência.
“O referido crédito permitirá, na Presidência da República, a continuidade das ações publicitárias sob a gestão da Secretaria Especial de Comunicação Social – SECOM, para atendimento de demandas de comunicação relacionadas ao Brasil Eficiente, Reforma Previdenciária, entre outras”, diz o texto aprovado.
O que diz o Palácio do Planalto
Procurado pelo R7, o Palácio do Planalto negou ter participado de qualquer abordagem a influenciadores em ações para defender a reforma. Leia na íntegra a nota enviada pelo Departamento de Conteúdo Digital.
“O governo federal não procurou, não solicitou e não autorizou a consulta, em seu nome, junto a influenciadores de redes sociais. Temos ciência que empresas especializadas em oferecer esse tipo de serviço, atuam proativamente e apresentam propostas comerciais a marcas e governos. Como dito, o Governo não solicitou os contatos para influenciadores de redes sociais e a proposta apresentada foi recusada“.
Reforma da Previdência
O governo corre contra o relógio para conseguir os votos necessários para a aprovação da reforma até o fim deste mês. Porém, o cenário ainda é desfavorável. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), admitiu nesta quinta-feira (8) que a votação pode ficar para novembro, após as eleições.
Para ele, a “comunicação [para a sociedade] não foi adequada”. No entanto, o senador ponderou que o adiamento não é uma “catástrofe”.
Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi além e afirmou que se não for votada neste mês, a reforma ficará para 2019. Na avaliação dele, colocar no plenário o texto após as eleições dependeria do presidente eleito em outubro.
R7