Os parentes dos cinco rapazes desaparecidos há 17 dias estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Central, na capital paulista, para reconhecer os corpos encontrados ontem (6) em um matagal de Mogi das Cruzes. Três dos corpos apresentavam características semelhantes à dos desaparecidos, mas o reconhecimento oficial ainda depende de laudo do IML.
“Pelo que nós vimos, são eles. Não há dúvidas”, disse o ouvidor das polícias de São Paulo, Júlio César Fernandes Neves. Uma das vítimas, Robson de Paula, 17 anos, cadeirante, foi reconhecido devido a uma prótese que ele tem na coluna e também pela fralda geriátrica que usava. “Ele estava amarrado, com a mão imóvel. Com certeza foi execução”, disse.
Tortura
Segundo Luiz Carlos dos Santos, vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), as mãos de Robson estavam presas por “enforca gato”, uma espécie de lacre de plástico. “O cadeirante tinha sinais de execução, com a mão amarrada com o enforca gato e sinais de tortura. A cabeça não foi encontrada”, declarou.
O reconhecimento também foi possível no corpo de Caique Henrique Machado Silva, de 18 anos. A mãe do jovem disse que ele tem prótese na tíbia, osso da perna, o que confere com o corpo encontrado. O condutor do veículo, Jonas Ferreira Januário, de 30 anos, foi identificado por parentes por causa de cirurgias e tatuagens.
Luiz Carlos disse que os outros dois corpos, que podem ser de Jonathan Moreira Ferreira, 18 anos, e de César Augusto Gomes Silva, 20 anos, estão irreconhecíveis. “Os familiares estão indo ao hospital fazer a coleta de saliva e cabelo para fazer o exame de DNA. Amanhã, a polícia vai colher mais depoimentos, tem uma série de depoimentos”, disse ele.
O caso
Os cinco amigos sumiram após saírem de carro da zona leste da capital para uma festa em Ribeirão Pires. O carro em que eles estavam foi encontrado depois, abandonado próximo a uma alça do Rodoanel. Uma mensagem de áudio enviada por Jonathan sugere que o grupo teria sido abordado pela polícia de forma truculenta.
O caso é acompanhado pela Corregedoria da PM e pela Ouvidoria das Polícias devido às suspeitas do envolvimento de policiais no desaparecimento. Robson ficou paraplégico ao ser baleado em confronto com a polícia, o que poderia ter motivado vingança dos policiais.
A investigação segue pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Agência Brasil