Pelourinho celebra primeiro Oscar do cinema brasileiro com exibição da
premiação e show de Margareth Menezes
premiação e show de Margareth Menezes
O Pelourinho recebeu, na noite deste sábado (02), uma torcida digna de jogo do Brasil em final de Copa do Mundo. O público, no entanto, não esperava uma partida de futebol, mas sim a cerimônia do Oscar 2025, que premiou o filme “Ainda Estou Aqui” com a estatueta de Melhor Filme Internacional.
Parte da cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas foi exibida ao vivo em um telão instalado no palco do Largo do Pelourinho, no intervalo da programação do Carnaval. A ação foi promovida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura. Além da transmissão dos anúncios das três categorias nas quais o filme estava concorrendo, o público, ao final, pôde assistir ao show da cantora Margareth Menezes.
A ladeira do Largo do Pelourinho lotou pouco antes do início da exibição. O governador Jerônimo Rodrigues e o secretário de cultura, Bruno Monteiro, acompanharam o anúncio no local e comemoraram o resultado. “Sair daqui hoje com o troféu de Melhor Filme Internacional é muito importante para a gente. Isso eleva a estima”, disse o governador.
Durante a cerimônia, além das tradicionais fantasias de super-heróis, policiais e bombeiros, o Pelô foi tomado por pessoas usando máscaras com o rosto da atriz Fernanda Torres, que vive a personagem Eunice Paiva no filme e que também estava concorrendo ao prêmio de Melhor Atriz.
A intenção dos foliões, vindos de diferentes estados do país, era demonstrar apoio e carinho pelo cinema nacional e pela artista. Entre eles estava Paula Xavier, 39 anos, psicóloga, que fez questão de se caracterizar. “Sou uma brasileira feliz e entusiasta do cinema”, declarou ela, enquanto segurava uma pequena bandeira do Brasil com os dizeres “Arte e Progresso”.
Outro grupo bastante entusiasmado com a iniciativa do Governo do Estado era formado pelas estudantes Clara Rocha, 18, Sophia Santana, 17, e Paula Damásio, 17. As jovens foram ao Pelourinho juntas para prestigiar a transmissão do Oscar 2025 e, na sequência, curtir o show de Margareth Menezes.
Para Clara, o Pelourinho reflete perfeitamente a atmosfera do filme. “É um lugar que traduz a obra, porque também é um espaço de muita cultura. Poderiam ter escolhido o circuito Campo Grande ou da Barra, mas escolheram aqui, e isso me deixou muito feliz”, afirmou. Paula ressaltou a importância do evento para a valorização do cinema nacional: “O cinema brasileiro ainda é muito estigmatizado, e a gente precisa mudar isso”.
Entre os presentes na torcida por “Ainda Estou Aqui”, estava também o jornalista, escritor, poeta e compositor Clarindo Silva. “Isso é algo extraordinário, fantástico, porque traz para o Centro Histórico, patrimônio da humanidade, um fato que diz respeito à humanidade. Quanto mais ações como essa no local, maior valorização desse espaço”, comemorou.
A consagração de “Ainda Estou Aqui” como Melhor Filme Internacional foi celebrada pela cantora e Ministra da Cultura, Margareth Menezes. Ela subiu ao palco entoando a música que a impulsionou como uma das artistas de Axé Music mais conhecidas no mundo: “Faraó – Divindade do Egito”. No repertório da noite, além de sucessos consagrados, Margareth também apresentou “Ramalhete de Flor”, sua nova canção que, segundo ela, é uma exaltação à vida, ao movimento, à natureza e à arte.
A cantora destacou a importância histórica do momento. “O que está acontecendo na Bahia, nos 40 anos do Axé Music, é fantástico. É de uma importância imensa. Que bom que essa celebração coincidiu com o período em que estou aqui para me apresentar no Pelourinho. A torcida é totalmente positiva e é maravilhoso podermos festejar essa premiação junto com os 40 anos do Axé, porque o Axé também é internacional”, afirmou.
Filme
O filme “Ainda Estou Aqui”, adaptação cinematográfica do livro homônimo, dirigido por Walter Salles, concorreu em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. A película levou, no entanto, apenas a estatueta de Melhor Filme Internacional. “Ainda Estou Aqui” retrata a história de sua mãe, Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, que luta pela verdade sobre o desaparecimento de seu marido durante a ditadura militar no Brasil.
Desde sua estreia no Festival de Veneza, em setembro de 2024, onde foi aplaudido por dez minutos e recebeu o prêmio de Melhor Roteiro, o filme vem acumulando elogios da crítica internacional. Fernanda Torres já foi premiada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme – Drama – por sua atuação.