O sonho de se tornar atleta profissional está presente na vida de 63,8% dos meninos brasileiros, mas apenas 34% das meninas deixam a imaginação ir tão longe. Para melhor entender a relação das mulheres com o esporte e os fatores que limitam os seus sonhos nesse universo, a Centauro, líder no mercado de artigos esportivos, em parceria com Grupo Consumoteca, realizou a pesquisa “Mulheres & Esporte: Um pacto coletivo para uma nova narrativa”. O resultado foi divulgado nesta quarta-feira, 4, em evento realizado na Arena Centauro, localizada no Parque Ibirapuera.
A pesquisa revela os desafios enfrentados pelas mulheres no esporte e ressalta a importância de ressignificar a narrativa para ampliar o reconhecimento e a representatividade feminina nesse meio.
“É preciso reinventar a narrativa do esporte feminino com histórias mais leves e divertidas”, enfatiza Fernanda Arechavaleta, diretora de marketing e reputação da Centauro. “As mulheres têm o direito de se envolverem no esporte sem serem limitadas por estereótipos de gênero. É essencial proporcionar um ambiente inclusivo e igualitário para que elas possam alcançar seu pleno potencial”, acrescenta.
“É inegável que as mulheres vem ganhando mais espaço nos times, nas cadeiras do esporte e nas cotas de patrocínio. Mas isso ainda não se reflete no retorno financeiro e prestígio – muito menos as livra dos olhares de julgamento sob seus corpos. Isso coloca a mulher em constante posição de luta no esporte – para elas ser guerreiras nunca foi questão de opção. Por isso, quando falamos de novas narrativas é sobre ir além dessa esfera e poder co-criar com as mulheres as narrativas que elas querem pro esporte”, afirma Michel Alcoforado, sócio-fundador do Grupo Consumoteca, consultoria especializada em como as marcas lidam com as mudanças do mundo.
Direito ao sonho
A pesquisa entende que o sonho tem um papel essencial no lugar do esporte na sociedade. Nesta perspectiva, o estudo identifica que há uma grande divergência entre homens e mulheres. Os dados mostram que apenas 3 em cada 10 mulheres sonham em se tornar atletas profissionais, enquanto entre os homens, são 6 em cada 10. Um claro sinal de que com tantos obstáculos a serem enfrentados, as meninas sequer se dão ao direito de imaginar uma modalidade esportiva como uma profissão e fonte de renda.
O aumento da visibilidade das mulheres em campos, quadras, piscinas, ginásios e em postos de comando no esporte, por exemplo, é maior hoje do que há 5 anos: 63,8% da população assiste competições e programas sobre mulheres no esporte. No entanto, menos da metade da população, 49%, afirma que ver mulheres bem sucedidas em determinados esportes incentivou a prática esportiva. O problema, conclui a pesquisa, é de narrativa. Afinal, quem sonharia hoje com uma profissão que enfrenta barreiras de acesso como baixo reconhecimento e salários incompatíveis, assim como a sexualização do corpo feminino.
Desta forma, a Centauro e a Consumoteca dividiram o estudo em três capítulos:
Crescimento para a comunidade
A pesquisa revela o “clichê da protagonista” como um problema no reconhecimento das mulheres no esporte. No futebol, enquanto 87% se lembram de Marta, apenas 17% mencionam Cristiane Rozeira e 5% lembram-se de Megan Rapinoe. Por outro lado, no cenário masculino, o público consegue citar escalações completas. Esse problema é ainda mais desafiador quando os documentários esportivos enfocam apenas uma atleta de destaque, enquanto documentários sobre times de futebol enfatizam o coletivo no esporte masculino. Uma narrativa defasada em relação ao interesse das mulheres que vêem o esporte como uma atividade e um entretenimento coletivo. Segundo a pesquisa, 23% das mulheres veem o esporte como uma forma de socialização, com 25% assistindo a partidas junto a outros torcedores entusiastas e 20% das mulheres conversam sobre temas relacionados ao esporte com amigos próximos.
O preço que se paga
A pesquisa da Centauro e Consumoteca revela ainda que 20% das entrevistadas acreditam que a hipersexualização é o maior desafio enfrentado pelas mulheres no esporte. Opiniões não solicitadas sobre seus corpos são disfarçadas como justificativas técnicas, escondendo o preconceito.
De acordo com os dados, 42% da população acredita que as atletas de futebol feminino são excessivamente masculinizadas. Ou seja, na visão do público, as mulheres são vistas apenas nos extremos da hipersexualização ou masculinização dos corpos, o que impacta diretamente na autoimagem das praticantes.
Além disso, 61% dos brasileiros concordam que as mulheres sofrem mais pressão do que os homens para manter um físico de atleta, enquanto apenas 7% das entrevistadas afirmam ter um corpo de atleta. Portanto, mesmo quando as mulheres estão no esporte, elas são obrigadas a escolher entre esses dois extremos. No entanto, 76% das mulheres não se identificam com o estereótipo e acreditam que existem diversas opções para os corpos das atletas. Quando o esporte é acolhedor para corpos diversos, as mulheres têm a liberdade de praticá-lo com seus corpos. Isso permite uma nova relação com o esporte, promovendo saúde mental, bem-estar e autoestima.
Espaço de descompressão
O terceiro capítulo da pesquisa aborda a relação entre paixão e as batalhas que as mulheres enfrentam no esporte. Cada jogadora que entra em campo, cada profissional que aparece na mídia, cada esportista que dedica tempo em meio a outras tarefas enfrenta uma grande barreira social. Para as mulheres, recorrer ao esporte ainda é visto como algo pouco natural.
O estudo destaca que apenas 41% das mulheres afirmaram ter sido incentivadas a praticar esportes durante a infância, em comparação com 63% dos homens. Somado aos outros desafios mencionados anteriormente, a falta de incentivo desde a infância alimenta crenças limitantes. No total, 49% das entrevistadas afirmaram não praticar nenhum esporte. No entanto, muitas delas torcem, se emocionam e comemoram: 78% das mulheres pretendem acompanhar os Jogos Olímpicos de 2024, um aumento significativo em relação aos 29% de 2021.
Esse aspecto da pesquisa revela que, apesar das dificuldades, as mulheres estão ultrapassando barreiras e desenvolvendo seu próprio protagonismo na narrativa do que significa ser uma mulher no esporte. No entanto, ninguém quer ser constantemente colocada no papel de guerreira, que precisa sacrificar tempo e recursos para estar presente. Ainda, 47% das entrevistadas sentem falta de conteúdos esportivos que abordem temas comportamentais e inovadores, nos quais seja possível desfrutar do esporte como forma de lazer e entretenimento. O estudo conclui que é necessário reposicionar a relação entre as mulheres e o esporte, proporcionando mais espaço para descontração, com narrativas mais leves e divertidas.
Metodologia
Para entender como as mulheres se sentem e tratam o esporte, a metodologia da pesquisa entrevistou, no período entre 5 e 11 de maio, 1.000 pessoas, sendo 800 mulheres e 200 homens a título de comparação, todos acima de 16 anos, por meio de plataforma on-line. A pesquisa teve participação de homens e mulheres das classes A, B e C, de todas as regiões do Brasil.
Evento de lançamento
Para marcar o lançamento da pesquisa Mulheres & Esporte: Um pacto coletivo para uma nova narrativa, a Centauro realizou na manhã desta terça-feira (4), na Arena Centauro, no Parque Ibirapuera (SP) um evento para imprensa, influenciadores digitais e profissionais do mercado esportivo. Além de revelar os dados do estudo, o evento contou com painéis de discussões com atletas, criadoras de conteúdo de futebol feminino e jornalistas; e também a apresentação de cases de representantes das marcas parceiras da Centauro. Marília Galvão, do Desimpedidos, foi a mestre de cerimônias. Participaram do debate Michel Alcoforado, sócio-fundador do Grupo Consumoteca, Fernanda Arechavaleta, diretora de marketing e reputação da Centauro, Livia Pinheiro, brand communicator da Nike, Luiza Magessi, da NWB, Luciana Soares, diretora de marketing da Puma, Jay Oliveira, diretora de redação da Rozzeira, Alê Xavier, apresentadora do canal Passa a Bola, Milene Domingues, ex-jogadora e Sofia Cesar, do projeto Meninas em Campo.
Sobre a Centauro
Com mais de 40 anos no mercado, a Centauro, marca do Grupo SBF, é a maior rede multicanal de produtos esportivos da América Latina. A rede conta hoje com mais de 200 lojas, espalhadas em 25 estados brasileiros e no Distrito Federal, além do e-commerce e aplicativo exclusivo da rede. A Centauro oferece serviços e experiências personalizadas para cada perfil de consumidor, auxiliando no processo de compra e democratizando a prática esportiva no país. Com um modelo multicanal, são os consumidores que determinam quando, onde e como querem provar, comprar e receber produtos. Em 2021, foram anunciados investimentos por cinco anos no Parque Ibirapuera e em 2022, no Parque Villa Lobos. Em maio de 2023, foi inaugurada a Arena Centauro Ibirapuera, um hub esportivo com atividades, empréstimo de artigos esportivos, oficina e experimentação de tênis de corrida. O espaço tem como objetivo estar cada vez mais presente na jornada esportiva das pessoas.