Um estudo avançado de brasileiros está chamando a atenção da comunidade científica internacional. Os pesquisadores Marcos Valadares, 32, e Diogo Biagi, 35, desenvolveram um método para a transformação de células-tronco em células cardíacas.
A pesquisa visa a aprimorar o tratamento de doenças cardíacas e foi considerada uma novidade no setor. Ainda falta, no entanto, mais uma série de testes para a implantação de um produto que possa ser utilizado pelos médicos e hospitais.
O projeto se tornou vencedor em um concurso realizado pelo consulado de Israel em São Paulo e região sul do Brasil, em 2018, com apoio do governo israelense. Como prêmio, Valadares viajou para Israel, onde participa da Start Jerusalém 2018, evento que reúne startups comandadas por jovens entre 25 e 34 anos, de todo o mundo.
Os pesquisadores Jacob Hanna, professor de epigenética e células-tronco pluripotentes, do Instituto Weizmann, e Oren Caspi, médico responsável pela área cardíaca do Instituto Technion se interessaram em conhecer detalhes da pesquisa dos brasileiros e irão receber Valadares na próxima semana.
O estudo está sendo realizado no Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), incubadora que se situa dentro da USP (Universidade de São Paulo). Tanto Valadares quanto Biagi são de São Paulo e concluíram o doutorado em Biologia. Valadares conta de onde veio a ideia.
“Percebemos que a células que fazemos em laboratório tem as qualidades necessárias para melhorar a condição de pessoas com problemas cardíacos.”
No processo, as células-tronco ficam em uma placa de plástico, imersas em um líquido que funciona como um meio de cultura, de onde tiram os seus nutrientes. Para a transformação em células cardíacas, é feita uma troca no líquido, por meio de um reagente novo. Após 15 dias ocorre a mudança.
“A ideia é substituir um tecido, que perdeu a funcionalidade, pelas células cardíacas, que são funcionais. É algo quase mecânico”, explica Valadares.
Durante as palestras, com inglês fluente, ele manteve contato com os participantes que venceram o concurso em seus países.
“O projeto é visto como ousado, pela sua complexidade. Buscamos resolver um problema realmente global, que é uma preocupação da comunidade científica.”
Valadares afirma que, além da parceria, é necessário a presença de investidores para o desenvolvimento do produto.
“Estamos encontrando potenciais parceiros para o desenvolvimento do produto, o que e importante, mas nossas perspectivas estão muito voltadas para potenciais investidores. Nossa próxima rodada, fase de investimentos é muito complexa, com necessidade de gerar algo em torno de 40 milhões de dolares (R$ 152 milhões). E aqui em Israel existem pessoas que tem experiência e conhecem esse tipo de investimento para poderem nos ajudar.”
R7