Em nota técnica o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apresentou uma metodologia de cálculo para índices de inflação por faixa de renda e os resultados mostraram que nos últimos 12 meses, encerrados em outubro, a inflação das famílias de baixa renda foi de 2%, bem abaixo do segmento mais rico em 3,5%. O estudo considerou uma renda mensal muito baixa — as famílias que ganham menos de R$ 900 — e as de alta renda, as que ganham mais que R$ 9 mil.
Mas esta é apenas uma parte da história, quando ampliamos o horizonte de análise a inflação acumulada dos mais pobres foi bem superior a dos ricos e mesmo considerando a inflação oficial, o IPCA. De junho de 2006 a setembro de 2017, a inflação acumulada das famílias de baixa renda foi de 102,2%, enquanto que dos mais ricos 86,3%, patamar inferior ao IPCA que atingiu 89,6% no período. A inflação de preços significa a perda de poder aquisitivo, a pessoa precisa cada vez mais de dinheiro para comprar as mesmas coisas.
Outro ponto a ser destacado é que as classes mais pobres não têm acesso a aplicações financeiras, assim como os mais ricos, que além de uma inflação menor, podem se proteger de perdas de poder aquisitivo investindo em renda fixa e ações, por exemplo. E para piorar, o Brasil é um dos países que mais tributa produtos e serviços (gráfico abaixo) e adivinha onde a maior parte ou totalidade da renda dos mais pobres é gasta? Sim, com consumo! Então além de perder mais poder aquisitivo, os mais pobres pagam proporcionalmente mais impostos.
R7