A Polícia Federal fez hoje (17) uma operação contra um grupo acusado de formar cartel para controlar os preços dos fretes do transporte de veículos novos. Foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão em endereços em Santo André (SP), São Bernardo do Campo (SP), Serra (ES), Betim (MG) e Simões Filho (BA). Os alvos são quatro empresas de transporte e um sindicato sediado no Espírito Santo. A polícia acredita que mais de 30 pessoas estejam envolvidas no esquema.
As investigações começaram com um acordo de leniência feito com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em que foi denunciado o cartel. Como o processo no Cade ainda está sob sigilo, não foram divulgadas informações sobre os termos exatos ou os envolvidos.
Preços até 40% maiores
Segundo o delegado federal Rodrigo Sanfurgo, entretanto, as informações apontam para que a combinação de preços entre as quatro empresas que controlam o transporte de veículos desde as montadoras e importadoras até as concessionárias tenha começado em 2010. “Essas empresas se uniram, passaram a trocar informações sensíveis. Passaram a dividir o mercado e, então, estipular o preço que seria ofertado para os clientes”, enfatiza.
O acordo ilegal entre as empresas permitiu, de acordo com Sanfurgo, que fossem cobrados valores no mínimo 20% maiores do que em condições normais de concorrência pelos fretes, que fazem parte da composição do preço final dos veículos, cobrado dos consumidores. “Há vários indícios de que a prática continue em vigor e faça com que o preço do frete, suportado pelo consumidor, seja 30%, 40% do que poderia ser praticado no mercado competitivo”, diz o delegado.
Coerção
As participantes do cartel impediam, segundo a investigação, a entrada de novos concorrentes no mercado e que as montadoras e importadoras contratassem transportadoras que não faziam parte do esquema. “As montadoras e as importadoras não são investigadas. Mas elas são de certa forma coagidas ou obrigadas a participar das contratações das empresas”, ressalta Sanfurgo.
Para isso, o grupo contava com apoio do sindicato, que funcionava tanto como mediador dentro do próprio cartel quanto como força de coerção para as montadoras que tentavam burlar o esquema. “O sindicato não só atua arbitrando como mobilizando a categoria de forma a impedir a entrada de novos concorrentes, que não fazem parte desse esquema”, afirma o delegado.
Agência Brasil