O PSDB saiu do primeiro turno da eleição municipal deste ano como o partido que mais cresceu na comparação com os resultados do pleito anterior, em 2012. Em número de prefeituras conquistadas na eleição de domingo (2), o partido ficou em segundo lugar, atrás do PMDB. O PSDB, que elegeu 695 prefeitos há quatro anos, conquistou agora, no primeiro turno, 793 prefeituras, com crescimento de 14%, e está na disputa do segundo turno em vários municípios.
O PT, que em 2012, havia conquistado 638 prefeituras, caiu para 256 cidades e passou a ser o décimo colocado no ranking dos partidos.
Apesar de não ter passado para o segundo turno no Rio de Janeiro, segundo maior colégio eleitoral do país, o PMDB manteve-se como o partido com maior número de prefeituras. O PMDB fez 1.021 prefeitos em 2012 e, este ano, elegeu 1.028. O PSD passou de 498 prefeitos eleitos em 2012 para 539 neste ano e é a terceira legenda com mais vitórias. Em seguida, vem o PP, que tinha 476 eleitos há quatro anos e agora tem 496.
Mesmo perdendo 46 prefeituras em relação ao último pleito, o PSB é o quinto partido com mais vitórias nesta eleição municipal: 416. Atrás do PSB, ficou o PDT, que conquistou 27 prefeituras a mais do que em 2012, passando de 307 para 334. O PR conquistou 20 prefeituras a mais do que 2012 e passou de 275 para 295, ficando na sétima posição. O DEM perdeu 13 prefeituras, na comparação com 2012, e aparece em oitavo lugar, com 265 prefeituras.
Com 262 vitórias este ano, o PTB encolheu em 37 cidades e está logo à frente do PT, que perdeu 382 prefeituras na comparação com 2012.
Os dados deste ano consideram o resultado em 5.507 cidades em que a disputa foi finalizada no primeiro turno. Em 55 municípios, o pleito foi para o segundo turno e, em seis, o resultado depende ainda de decisão judicial.
Nacionalização do pleito
Para o cientista político e professor do curso de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Maurício Santoro, o cenário político nacional atual influenciou diretamente no resultado das eleições municipais. Para Santoro, a perda de votos do PT deve-se ao fato de o eleitor atribuir à sigla a culpa pela recessão econômica e pelos casos de corrupção investigados na Operação Lava Jato. “O PMDB e o PSDB se beneficiaram muito do clima contra a [presidenta cassada] Dilma [Rousseff] e contra o Lula, e surfaram nessa onda”, afirmou Santoro.
“Houve uma influência das questões nacionais para o bem ou para o mal. A gente não entende a derrota do [Fernando] Haddad [candidato à reeleição na capital paulista pelo PT] sem considerar esse quadro político mais amplo de uma rejeição muito grande ao PT. Se o PMDB e o PSDB foram os dois grandes vencedores, o PT é o grande derrotado”, acrescentou.
Já o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Jorge Almeida disse que o resultado de ontem (2) é reflexo de uma eleição “atípica”. Para Almeida, normalmente é comum existir algum grau de nacionalização de campanhas municipais, o que não se verificou no primeiro turno.
“O cenário só vai se completar quando terminar o segundo turno, mas, de modo geral, o critério para as eleições foram mais as questões municipais. Como regra geral, ninguém queria nacionalizar as campanhas. No campo do atual governo, os candidatos fingiram que não existia governo federal e os ligados ao PT, como regra geral, não exploraram muito essa proximidade”, ressaltou o professor.
Santoro destacou que, embora o resultado do primeiro turno represente uma vitória da base aliada ao governo, os candidatos fizeram a campanha procurando se distanciar do presidente Michel Temer. “Eles não transformaram Temer em um cabo eleitoral. Não foram com ele para comícios, para a praça pública, porque a figura do presidente é impopular, por causa da agenda [de ajuste fiscal e de reformas da Previdência e trabalhista] que ele está implementando, e as controvérsias com relação ao impeachment”, enfatizou Santoro.