Uma polêmica foi criada em Salvador depois que a prefeitura emitiu, no dia 14 de janeiro, uma nota informando que, durante a tradicional Festa de Iemanjá, que será realizada em 2 de fevereiro, os estabelecimentos comerciais localizados no perímetro da festa estavam proibidos de usar som na área externa ou voltado para a rua.
Moradores do Rio Vermelho, pessoas que frequentam a festa, produtores de eventos e empresários criticaram a proibição e o assunto vitou polêmica nas redes sociais. “Iemanjá sem música na rua é outro evento”, escreveu um dos admiradores da festa.
Outra postagem reclamou: “Lamentável a decisão da prefeitura de impedir que os bares, restaurantes e demais estabelecimentos coloquem som na tão tradicional e aguardada festa de Yemanjá, no dia 2 de Fevereiro”.
Representantes do Lalá, um dos espaços que promove evento durante a festa de Iemanjá, publicaram que aoitava edição da festa corrria o risco de acontecer somente na parte interna do estabelecimento. “Caso não seja possível realizar o evento voltado para a rua, como é a sua vocação e tradição, celebraremos dentro da casa, com a mesma programação”.
Após a polêmica ter sido instaurada, a prefeitura de Salvador enviou nova nota, informado que as manifestações culturais, inclusive grupos de fanfarra, continuam livres para participar da festa. Sobre os estabelecimentos comerciais, a administração explicou que, aqueles que tiverem interesse em realizar eventos em áreas externas devem informar oficialmente à prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semop) ou da Central de Licenciamento de Eventos, a depender do caso.
A prefeitura também destacou que o limite de som é até as 22h, o que já acontece há dois anos. Disse ainda que as decisões buscam garantir o ordenamento da festa, para evitar episódios que como os que aconteceram em 2018, quando estabelecimentos comerciais colocaram som e cadeiras nas ruas, atrapalhando até mesmo a passagem do presente à Iemanjá.
A oito dias da festa, a direção do Lalá informou que ainda tenta diálogo com a prefeitura para que a festa seja realizada no mesmo formato do ano passado, mas que ainda não está definido se o evento poderá ocorrer com o som voltado para a rua.
No dia 14/01/2019, demos entrada na CLE (Central de Licenciamento e Eventos da Prefeitura Municipal de Salvador, Processo n. PR 997000000045 2019 V 1) para realização da nossa oitava edição. Também entregamos cartas de Pedido de Apoio INSTITUCIONAL à Secretaria Municipal de Cultura e à Saltur com um projeto explicando o Oferendas em anexo, com o propósito de termos a prefeitura de nossa cidade como parceira de um evento que se tornou muito importante e que hoje já está no calendário de tantos artistas e turistas do Brasil e até de outros países.
O OFERENDAS se caracterizou como um dos eventos mais importantes da cena independente musical brasileira. Artistas baianos em ascensão no cenário nacional e internacional já passaram por essa festa, a exemplo de Baco Exu do Blues, Xênia França, Larissa Luz, Marcia Castro, Russo Passapusso, Bruno Capinam, Moreno Veloso, Bem Gil, dentre tantos outros. Artistas respeitados e consagrados como Sr. Mateus Aleluia (Tincoãs) e Letieres Leite, Tetê Espindola e Alzira E. já abrilhantaram e apoiaram a festa. E, principalmente, os novos movimentos musicais e artísticos que, no Oferendas, se firmam e fortalecem as suas carreiras. O Oferendas atrai hoje curadores musicais nacionais e internacionais, jornalistas e formadores de opinião, artistas de diversos segmentos e turistas de todo o país atentos aos movimentos musicais e artísticos de vanguarda. Grandes empresas de conteúdo já comparecem com seus diretores criativos e olheiros atrás do que há de mais novo na cena artística baiana e nacional.
Ocorre que em reunião realizada no dia 11/01/2019 na Prefeitura Bairro do Rio Vermelho, a SEMOP (Secretaria Municipal de Ordem Pública) comunicou aos Empresários, Produtores Culturais e de Eventos que estará proibido todo e qualquer equipamento sonoro virado para a rua no dia 02 de Fevereiro. Esta resolução, logicamente, resultará em uma festa tradicional popular sem MÚSICA, o que será uma grande contradição para uma cidade que ganhou em 11/12/2015 a Chancela de “Cidade da Música” pela UNESCO.
Queremos dialogar, entender e, logicamente, nos organizar e nos adaptar às regras da cidade. Queremos a Prefeitura de nosso lado, como apoiadora, nos orientando e cuidando para que façamos uma festa harmoniosa e bela para todos. O OFERENDAS, antes de tudo, é uma festa democrática, para a rua, para todos que passem em sua frente, gratuita e até então sem apoios e patrocínios públicos ou de empresas privadas (que serão bem-vindos, aliás!), contando apenas com o patrocínio do próprio público. Aguardamos o resultado de nosso pedido de autorização na CLE e que, atenciosamente, nossas secretarias municipais se pronunciem, para que possamos resolver tudo da forma correta, obedecendo a suas determinações.
Por fim, caso não seja possível realizar o evento voltado para a rua, como é a sua vocação e tradição, celebraremos dentro da casa, com a mesma programação.
Gostaríamos de aproveitar para nos desculparmos caso tenhamos causado, involuntariamente, algum transtorno para a cidade nas edições anteriores, nunca foi a intenção desse movimento coletivo e agregador, muito pelo contrário. Um muitíssimo obrigado para tantos que construíram a história linda dessa festa!
G1