A pandemia do coronavírus afetou a vida de muitas famílias brasileiras. Com a redução de renda de muitas delas — pesquisa feita pela Mobilis apontou que 35% dos brasileiros se endividaram — a solução foi mudar alguns hábitos para economizar na mesma proporção.
Mudar a periodicidade da faxineira, assumir o banho dos pets e cortar os frequentes pedidos de comida pelos aplicativos são algumas das medidas tomadas para tentar contornar os efeitos da crise.
Entre muitas pessoas nessas circunstâncias, uma delas é Patricia Soares, gerente de UBS (Unidade Básica de Saúde), de 46 anos.
Ela conta que não foi pessoalmente afetada pela crise por ser funcionária pública, mas as filhas perderam o emprego e o marido, que é prestador de serviços, não pode trabalhar. E isso impactou diretamente na renda da família.
Patricia diz que por conta da pandemia alguns clientes não pagaram o seu marido. Com as duas filhas desempregadas, a família conta apenas com o seu salário para manter o orçamento em ordem.
Outro afetado pela pandemia foi o estagiário André de Holanda, 21 anos. Em férias compulsórias, ele continua recebendo o salário, mas teve 30% do valor do seu VR (Vale Refeição) cortado.
A situação não está diferente para outros integrantes da sua família. O irmão e o pai estão desempregados e a mãe, que é autônoma, não está conseguindo trabalhar como de costume.
Como forma de não perder o controle do orçamento familiar, as famílias de Patrícia e de Holanda têm cortado gastos não essenciais, como faxineiras semanais e banho nos pets em petshops.
Também reduziram as refeições feitas por delivery.
Na casa de Holanda, não é diferente. A família precisou cortar gastos e assumir tarefas que antes pagavam para alguém fazer.
Por ter perdido parte do VR, os pedidos de comida por aplicativos foram reduzidos.
“No máximo pedimos uma pizza aqui no bairro para apoiar os negócios locais.”
Para a educadora financeira Teresa Tayra, o cenário pede um momento de reflexão dentro da família.
Além da conversa franca e aberta entre familiares, Teresa também reforça a importância de procurar outras formas de se proteger financeiramente neste período de crise.
“Muitas pessoas estão buscando trabalhos alternativos. Existem plataformas de serviço e de vendas que podem ser usadas em um negócio. A crise trouxe oportunidades em alguns setores. Observe o mercado”.
Na casa de Patrícia, uma das formas de buscar maior segurança financeira foi poupar e tentar renegociar algumas contas.
“A gente está tentando fazer a negociação de algumas contas, como TV, telefone e internet, porque as empresas estão oferecendo descontos durante a pandemia.”
A gerente da UBS também conta que a família está poupando mais do que antes da pandemia, inclusive, para garantir uma reserva de emergência.
A educadora financeira diz que sim e que o corte de gastos pode trazer uma economia considerável ao orçamento familiar.
“Toda família que se propõe a reavaliar os gastos se surpreende com ‘gordurinhas’ no orçamento. Eliminar supérfluos, cancelar serviços, buscar opções mais baratas e mudar hábitos de consumo podem trazer mais de 20% de economia”, avalia.
No caso de Patrícia, em alguns meses, o corte de gastos gerou uma economia mensal de até R$ 800.
“Com as novas medidas que adotamos, temos uma redução entre R$ 500 e R$ 800 nos custos mensais. É um dinheiro que a gente pode guardar para a reserva de emergência”, relata.
R7