Várias agências da Organização das Naçãoes Unidas (ONU), entre eles a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), reafirmaram hoje (10) que, apesar das informações que recebem sobre o suposto ataque químico na cidade síria de Duma, não podem verificá-las devido à falta de acesso.
A porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci, lembrou que o secretário-geral, António Guterres, disse que a organização multilateral “não está em posição de verificar estas informações” sobre o ataque químico em Duma, o que não quer dizer que as ignore.
O porta-voz do Ocha, Jens Laerke, ressaltou que as agências da ONU não estão em Duma. “Ghouta Oriental ainda se encontra assediada. Estamos em locais fora de Ghouta Oriental aos quais temos acesso”, afirmou Laerke, que indicou que existe um “mecanismo para tentar investigar o que ocorreu”.
Os Estados Unidos propuseram uma resolução ao Conselho de Segurança da ONU para iniciar um novo mecanismo internacional que determine responsabilidades pelo uso de armas químicas na Síria, enquanto a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) anunciou que investiga o ocorrido.
A Sociedade Médica Síria Americana (Sams, na sigla em inglês) e a Defesa Civil Síria, ambas organizações apoiadas pelos EUA, apontam que pelo menos 42 pessoas morreram no sábado (7) com sintomas de intoxicação por substâncias tóxicas no reduto opositor sírio de Duma.
Negativa
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, pelo menos 21 pessoas morreram no sábado dia por asfixia, depois do “desabamento dos edifícios”.
A porta-voz da OMS Fadéla Chaib também afirmou que a falta de detalhes prejudica a investigação das denúncias de um possível ataque na região de Duma. “Temos algumas informações de pessoas no local sobre mulheres com problemas respiratórios, mas não podemos confirmar se é devido a um ataque químico.”
O porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Christophe Boulierac disse, sem relacionar com o suposto ataque químico, que fontes locais mencionaram problemas na pele e infecções respiratórias.
Por sua vez, o assessor no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) Andrej Mahecic expressou a preocupação do órgão pela situação em Duma, onde milhares de civis permanecem retidos.
O Acnur calcula que mais de 133 mil sírios fugiram de Ghouta Oriental durante as últimas quatro semanas.
Cerca de 45 mil sírios estão sendo hospedados atualmente em oito refúgios coletivos na zona rural de Damasco.
Até agora, 44 mil mulheres, crianças e idosos conseguiram deixar os acampamentos coletivos após passarem pelos controles de segurança das autoridades sírias.
Andrej Mahecic ressaltou que cerca de 250 mil sírios precisam urgentemente de ajuda em Ghouta Oriental, enquanto a situação é similar na região de Afrin, onde o Acnur responde às necessidades de mais de 137 mil sírios deslocados desde o dia 20 de janeiro.
Turquia
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, condenou o suposto ataque e disse que seus responsáveis pagarão “caro”.
“Os que cometeram esse massacre, sejam quem forem, pagarão um preço caro por isso”, disse Erdogan nesta terça-feira no Parlamento da Turquia.
O presidente turco acrescentou que falou ontem sobre o assunto com o presidente russo, Vladimir Putin, o principal aliado do regime sírio, que considerou “inadmissível” culpar o governo de Bashar Al Assad pelo suposto ataque químico.
No suposto ataque químico realizado no sábado em Duma morreram pelo menos 42 pessoas com sintomas de asfixia, segundo as ONGs Syrian American Medical Society (Sams) e a Defesa Civil Síria.
Nenhuma outra fonte confirmou que o ataque foi um bombardeio com substâncias químicas, e tanto a Rússia como a Síria negaram a utilização desse tipo de armamento em Duma e culparam milícias islâmicas que operam na região.
A cidade de Duma é a última da região de Ghouta Oriental que ainda está sob o domínio dos rebeldes, depois que as forças governamentais conseguiram recuperar o controle da maior parte dessa área nos arredores de Damasco após lançarem uma ofensiva em fevereiro.
Agência Brasil