Motoristas que dirigem automóveis em países do Primeiro Mundo ou que costumam ler sobre automóveis sempre ficam com a pulga atrás da orelha: por que é menor o consumo de gasolina dos automóveis em outros países? Claro que a comparação não é com o carro flex, mas com os importados que rodam no Brasil comparados com os mesmos modelos lá fora, sempre com gasolina. Como se explica essa maior eficiência dos carros em outros países? É problema com a qualidade da nossa gasolina?
Sim e não. Nossa gasolina é uma das melhores do mundo e o carro importado que pede a Super na Europa (95 octanas) pode rodar com a comum no Brasil. Mas, se o manual de um importado recomendar a Super Plus (98 octanas), o carro pode ser abastecido com qualquer gasolina Premium no Brasil. Nem precisa da Podium que tem octanagem ainda superior à melhor gasolina na Europa e nos EUA. Além do baixo teor de enxofre.
Então, o que provoca um aumento de consumo de gasolina no Brasil? O excesso de etanol misturado, numa proporção que já está hoje em 27%. Como o poder energético do álcool é cerca de 30% inferior ao da gasolina, o consumo deste “coquetel” de combustíveis fica prejudicado. Nos EUA, por exemplo, existe a gasolina pura e também a “batizada” com álcool, num percentual máximo de 10%. Para que não haja dúvida, o motorista sabe exatamente com qual combustível está abastecendo, pois as bombas são identificadas com “gasoline” ou “gasohol”.
No Brasil, ficou inicialmente estabelecido o percentual de 22% de etanol na gasolina e por isso ela é chamada de E22. Entretanto, por pressão dos usineiros, o governo acabou concordando em subir a mistura para 25%. Em 2014, a presidente Dilma, novamente pressionada pelos usineiros e num ano de eleições, subiu novamente o percentual para 27%. Que pode chegar a 28%, dentro dos padrões de tolerância.
No frigir dos ovos, o brasileiro, ao abastecer e pagar por gasolina, está levando quase um terço de etanol, de menor poder energético e que faz, por isso, aumentar o consumo de gasolina.