É comum não conseguir engravidar? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada dez casais no Brasil apresenta problemas de fertilidade. No mundo, esta estatística chega a 60 milhões de casais. Para os que enfrentam a infertilidade, existem opções como a inseminação artificial e a fertilização in vitro.
Qual é a diferença entre inseminação artificial e fertilização in vitro? Na inseminação artificial, o sêmen será introduzido no útero por meio de um cateter no dia de ovulação da mulher. A formação do embrião dependerá da natureza. Já na fecundação in vitro, a mulher receberá hormônios que estimulam a produção de óvulos. Esses óvulos serão aspirados e colocados junto ao sêmen, em laboratório, para que ocorra a fecundação. Os embriões formados serão introduzidos no útero por meio de um cateter. O desafio, então, será a implantação desses embriões, que dependerá de uma série de fatores.
O processo de congelamento pode danificar o embrião? Com a estimulação do ovário, a mulher chega a produzir até 20 óvulos ou mais e, portanto, muitos embriões poderão ser formados. Os embriões excedentes, ou seja, os que não forem introduzidos no útero, são normalmente congelados. Eles não perdem a qualidade em relação ao embrião fresco. Para serem congelados, devem chegar à fase de blastocisto, ou seja, aos 5 dias de vida, com 200 células em média. A estimulação ovariana pode elevar as taxas hormonais, o que é inadequado para a transferência do embrião. Portanto, muitas vezes, congela-se um embrião para que seja utilizado em transferência futura, quando as taxas se normalizarem.
É possível escolher o sexo e as características do bebê? Não é possível selecionar características específicas em embriões formados, mas é possível saber se o embrião tem 2 cromossomos X, que indica sexo feminino, ou 1 cromossomo X e 1 Y, que indica sexo masculino. Entretanto, é contra a lei selecionar o sexo do bebê por meio de fertilização in vitro. A pesquisa do sexo do futuro bebê ainda nos embriões se chama sexagem e, de acordo com a resolução n. 2168/2017 do Conselho Federal de Medicina, a técnica não pode ser aplicada com a intenção de selecionar o sexo ou qualquer outra característica biológica do futuro filho, exceto para evitar doenças no possível descendente.
Durante o processo é feito o estudo genético para evitar doenças? Não é realizado de rotina pesquisa genética nos embriões formados, mas isso é possível. Indicamos em casos de idade materna avançada, história pessoal ou familiar de doença genética na família, abortos de repetição ou pais com cariótipo alterado. Com este exame, é possível avaliar se os cromossomos são normais, mas também pesquisar doenças genéticas específicas. Cariótipo é um tipo de análise genética que conta o número de cromossomos. Alterações nos pais indicam que pode haver infertilidade ou maior chance de aborto e a indicação dessa mesma pesquisa genética nos embriões é para garantir a transferência ao útero de embriões saudáveis.
Com fecundação in vitro há mais chance de gravidez múltipla? Sim. Nas duas técnicas existem maior risco de gemelaridade. Na inseminação artificial, isso pode ocorrer porque o ovário é estimulado antes do procedimento fazendo com que a mulher produza dois ou três óvulos. Se todos forem fertilizados, pode-se formar mais de um embrião. Normalmente, a mulher ovula com um único óvulo.
Já na fertilização in vitro, cada vez mais tem-se optado pela transferência de um único embrião para evitar a gravidez múltipla, já que as técnicas laboratoriais têm evoluído, levando a embriões de melhor qualidade e assim, com maior chance de gestação. Antigamente via-se trigêmeos, quadrigêmeos pois transferia-se muitos embriões. Como a tecnologia era menos avançada, optava-se pela transferência de um número maior de embriões na tentativa de aumentar a taxa de gravidez, o que resultava também em mais gestações múltiplas.
Quantos embriões são transferidos? Na fertilização in vitro, de um modo geral, em mulheres de 35 anos, coloca-se até 2 embriões; entre 36 e 39 anos, até 3; e, se ela tem 40 ou mais, até 4 embriões. Isso porque a chance de implantação e evolução desse embrião cai com a idade. A frequência de gemelaridade chega a 20%. Lembrando que os gêmeos serão bivitelinos, ou seja, provenientes de dois ou mais embriões. Gêmeos univitelinos são aqueles gerados a partir de um único embrião, que se divide.
Posso ter relações sexuais durante o processo? Durante o ciclo de inseminação, as relações estão liberadas e até estimuladas. Na fertilização in vitro, os ovários crescem muito e ficam muito sensíveis, portanto não se aconselha a ter relações durante o processo.
A saúde do bebê gerado por inseminação ou fertilização é mais frágil?Bebês nascidos de fertilização in vitro ou inseminação artificial são iguais aos gerados sem tratamento.
Tratamento de reprodução garante gravidez? Não. No caso da inseminação, a taxa de sucesso é menor que 20% por tentativa. Já na fertilização in vitro, as taxas estão em torno de 50%, variando de acordo com a idade e fatores de infertilidade. Pacientes abaixo dos 35 anos têm taxas de até 60% de gravidez por transferência embrionária, enquanto em mulheres acima dos 40 anos essas taxas caem para menos de 20%.
R7