A base aliada do prefeito ACM Neto precisa compensar a eventual perda do PMDB na corrida eleitoral de 2018. O tema não será tratado publicamente, porém a necessidade de atrair partidos como PP e PR para a oposição a Rui Costa é resultado da degradação do partido. O PMDB, como já foi dito e repetido, é pesado demais para carregar num processo eleitoral que promete ser acirrado. E as justificativas não são novas. Vão desde a impopularidade do governo de Michel Temer, que ascendeu após o impeachment de uma presidente com expressivas votações na Bahia, até o bunker de R$ 51 milhões, que atingiu em cheio os dois principais caciques da legenda no estado, Geddel e Lúcio Vieira Lima. A compensação política para o grupo de ACM Neto é imprescindível para que haja algum tipo de viabilidade nas urnas no próximo mês de outubro. Caso Lúcio seja apeado do PMDB, ainda resta algum resquício de dignidade política para seguir com o partido na coligação. Todavia, não há caminho que indique isso até o momento. E para evitar o esvaziamento do tempo de televisão e rádio, entram as articulações para convencer PP ou PR para migrarem para o lado oposto ao de Rui. Depois de circularem rumores de que o PR seria o caminho mais rápido para obter êxito e as negociações não avançarem no ritmo desejado, o PP passou a ser alvo de investidas, com direito a aproximações com lideranças nacionais da sigla, numa espécie de tentativa de by-pass da direção estadual. Dois interlocutores desmentiram conversas do líder do partido na Câmara com ACM Neto: o filho do vice-governador, Cacá Leão, e a própria liderança parlamentar, Arthur Lira. Sabem que o lugar do vice-governador, João Leão, estaria garantido até segunda ordem e Rui não sugere a hipótese de deixa-lo de fora da chapa. Até a homologação da candidatura, contudo, não dá para confiar plenamente em lugares marcados. Quando há crises recorrentes, guardar vaga pode significar carregar peso antecipadamente, algo que ninguém estaria disposto a fazer. Por isso, nunca é demais lembrar que, como PP e DEM namoram no plano federal, a melhor estratégia é a adotada pelos progressistas: ficar com um olho no peixe e outro no gato. Publicamente, o clã Leão vai garantir o apoio a Rui. Nos bastidores, não vai descartar qualquer conversa com o grupo de Neto. O não deles, como se vê, está longe de parecer um ponto final. Afinal, na política, sempre há espaço para reticências.
Bahia Notícias