O preço médio do litro do diesel nas bombas de combustíveis no Brasil figura acima dos R$ 3,70 e já supera o patamar da semana que antecedeu a greve dos caminhoneiros no ano passado. A categoria ainda diverge a respeito de uma nova paralisação.
De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o litro do diesel era comercializado na semana passada por, em média, R$ 3,708. Entre setembro e novembro, o indicador registrou 10 altas consecutivas.
O valor atual desembolsado pelo litro do combustível é 3,28% maior do que os cerca de R$ 3,59 cobrados pelos comerciantes na semana encerrada no dia 19 de maio do ano passado, aquela que antecedeu a paralisação dos motoristas, iniciada no dia 21 daquele mês.
Na análise por Estado, é possível ainda verificar uma diferença de 35% no valor médio cobrado pelo litro do diesel nos postos do Paraná (R$ 3,484) e do Acre (R$ 4,723). A variação entre o preço máximo e mínimo do combustível nos estabelecimentos consultados pela ANP também chama atenção ao oscilar de R$ 3,17 (Paraná) a R$ 4,95 (Tocantins).
O diretor-geral de frota e soluções de mobilidade da Edenred Brasil, Jean-Urbain Hubau, avalia que a recente aceleração no preço do diesel é fruto das altas do repasse às refinarias iniciados em agosto. “Mesmo com as medidas de manutenção de valores em setembro e outubro, houve reflexo gradativo em razão dos postos trabalharem com estoque, fazendo com que a alta seja percebida mês a mês pelo consumidor”, explica ele.
Com as altas recentes, a possibilidade de uma nova greve ainda divide integrantes da categoria. O líder dos caminhoneiros Marconi França afirma que os motoristas “estão pagando para trabalhar” e classifica como “inevitável’ uma nova greve no momento atual. “Nós vamos cruzar os braços, no mais tardar em 15 de dezembro, por necessidade, não porque queremos”, destaca ele, que garante já contar com o apoio de “muita gente”.
A possibilidade de greve, no entanto, é descartada pelo presidente da Fenacat (Federação Nacional das Associações de Caminhoneiros e Transportadores), Luis Carlos Neves. Ele diz que os rumores a respeito da nova greve são causados por profissionais que “querem palanque”. “Todos que reivindicam uma nova paralisação foram candidatos na eleição passada e nenhum foi eleito.”
“Neste final de ano, a gente está correndo para conseguir pagar as contas. Como é possível parar?”, questiona Neves, que não vê motivação aparente e para uma nova paralisação.
França, no entanto, vê como inaceitável “passar fome trabalhando”. “O dinheiro que está sobrando temos que escolher se levamos comida para dentro de casa ou compramos itens de segurança para o caminhão”, lamenta.
Novas altas
A professora de Economia da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) Nadja Heideric observa a possibilidade de os combustíveis ficarem ainda mais caros no curto prazo. “Se o dólar continuar subindo e manter esse patamar, pode surgir uma alta mais significativa nos preços”, avalia, ao comentar os recordes recentes da moeda norte-americana.
Hubau também vê a valorização da divisa, que bateu três recordes nominais seguidos no início da semana, como fator determinante para o preço dos combustíveis no Brasil. “Em um período de valorização da moeda, tivemos uma segunda alta anunciada pela Petrobras para a gasolina em menos de uma semana”, analisa.
O diretor da Edenred ainda menciona impostos, margens de revendas e estoques dos postos como outros elementos que impactam diretamente o bolso dos motoristas.
R7