Inicia nesta quarta-feira (10), de forma presencial na sede da Fecomercio-BA, a capacitação de aproximadamente 30 técnicos de diferentes departamentos da Secis, Codesal, Fundação Mário Ferreira, Seinfra, Seman, Sucop, Sedur, Secult, Desal e Semob para instalação do primeiro do Jardim de Chuva de Salvador.
Serão ministradas aulas teóricas e práticas do passo a passo do projeto. O objetivo da série de capacitações e treinamentos que a Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), é implementar soluções baseadas na natureza para minimizar os desastres relacionados às mudanças do clima, gerando múltiplos benefícios para a economia, o ambiente e as pessoas.
As atividades promovidas estão no âmbito da iniciativa Cities4Forests, em parceria com o WRI Brasil, o C40 e a Agência de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ).
“Esse é um modelo que exige baixa manutenção, uma vez que não há a necessidade de regar as plantas depois que se estabelecem. Um dos grandes benefícios está no fato de desse jardim reduzir a erosão, diminuindo o impacto de chuvas fortes, além de alimentar o lençol freático, sendo um agente ecologicamente sustentável”, explicou Marcelle Moraes, titular da Secis.
Os primeiros encontros foram realizados de modo virtual e abordaram o conceito de Soluções baseadas na Natureza (SbN) para as cidades, com foco nas potencialidades da drenagem sustentável; as particularidades de Salvador em relação a drenagem sustentável, principais oportunidades e desafios; e atribuições de cada Secretaria da Prefeitura na execução do projeto.
Fechando a programação, no último dia será realizada uma sessão para trocas de experiências entre Salvador e cidades convidadas, Campinas, Rio de Janeiro e Curitiba.
Drenagem sustentável com ajuda da natureza
Jardins de chuva são jardins em depressões escavadas no solo, que acomodam a água da chuva proveniente do escoamento superficial e permitem a infiltração no solo e a recarga dos aquíferos. São utilizados em calçadas, canteiros centrais e rotatórias, atuando como esponjas. Além do aspecto funcional, contribuem para a valorização do espaço público e das propriedades em seu entorno.
“As enchentes e alagamentos cada vez mais frequentes são uma das evidências do quanto a crise climática já afeta as cidades brasileiras. Jardins de chuva são uma das diversas soluções baseadas na natureza que municípios podem implementar para estabelecer uma rede de drenagem mais eficiente e sustentável, que tenha na natureza uma aliada. Capacitar as cidades é uma ação crucial para impulsionar a implementação dessas soluções nas cidades. Este projeto-piloto é um primeiro passo para que Salvador possa aprofundar o conhecimento sobre as SbN, ao mesmo tempo em que gera mais qualidade de vida para a população e estimula outras cidades a seguirem o exemplo”, explicou Lara Caccia, Especialista em Desenvolvimento Urbano do WRI Brasil.
Um novo paradigma
“O processo de desenvolvimento e crescimento de grandes cidades ocorreu sem integrar o meio ambiente em que elas estão inseridas. Essa falta de integração resulta em uma ‘batalha’ diária entre cidade e meio ambiente. O projeto de jardins de chuva de Salvador tem em seu cerne um novo paradigma, que busca restabelecer a integração urbana com o ecossistema em que a cidade deveria estar inserida, através das infraestruturas verdes. É um passo inicial para que Salvador integre em sua gestão as soluções baseadas na natureza para que a cidade seja mais resiliente aos impactos da mudança do clima”, afirma Pedro Ribeiro, Gerente Sênior de Adaptação do C40.
Em meio urbano, além dos jardins de chuva, outros exemplos de SBN são telhados verdes, parques lineares e fluviais, renaturalização de rios e restauração de encostas. São intervenções que contribuem para a drenagem das chuvas e recarga dos aquíferos; regulação da temperatura e redução do calor urbano; e redução de erosão e prevenção de deslizamentos.