Até o dia 25 de julho está disponível, no site da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), a consulta pública para a construção do Plano para os Bairros de Itapagipe. O plano surge a partir da necessidade de preparar a região para os possíveis impactos e demandas do turismo religioso local, que tem crescido após a canonização de Irmã Dulce.
A população local pode preencher o formulário disponível no site do órgão (www. fmlf. salvador. ba. gov. br) com sugestões de ações e de melhorias nas áreas ambiental, social, econômica e urbanística. O documento abrange os 13 bairros da península itapagipana: Boa Viagem, Bonfim, Calçada, Caminho de Areia, Mangueira, Mares, Massaranduba, Monte Serrat, Ribeira, Roma, Santa Luzia, Uruguai e Vila Ruy Barbosa/Jardim Cruzeiro.
“Esse plano é fruto de um pedido do prefeito ACM Neto em razão da canonização de Irmã Dulce, levando em consideração os impactos do crescimento do turismo religioso no local. É preciso pensar tanto na valorização dos impactos positivos, como o da geração de renda, quanto nas demandas que podem surgir, como a necessidade da existência de pousadas, hotéis, restaurantes e da ampliação de transporte público para atender aos visitantes do Santuário Santa Dulce e da Colina Sagrada”, afirma a presidente da FMLF, Tânia Scofield.
Reuniões – Em junho, a Fundação Mário Leal Ferreira realizou a primeira reunião entre técnicos do órgão e lideranças locais para a construção do plano. Durante as discussões em ambiente virtual, um diagnóstico inicial foi apresentado e agora o órgão está recebendo as proposições dos moradores para que o documento seja elaborado de maneira coletiva.
O próximo passo, após o preenchimento do formulário disponível no site com as sugestões, será a análise, sistematização das sugestões e uma nova reunião com a comunidade. A previsão é que o Plano de Itapagipe seja concluído até o final de setembro. “A nossa expectativa é que a cada novo encontro mais pessoas sejam agregadas, pois a riqueza desse plano está na construção coletiva com participação efetiva da população. Daí surgiu a ideia de abrirmos essa consulta pública com a parceria da Companhia de Governança Eletrônica de Salvador (Cogel)”, explica Tânia Scofield.
História – A Península de Itapagipe começou a ser ocupada ainda na formação de Salvador, no Século XVI, por pescadores, ferreiros, alfaiates, pedreiros e negociantes e chegou a ser cogitada como território para implantação da primeira capital do Brasil, mas foi preterida pela cidade alta, por oferecer maior segurança contra as invasões. O bairro da Ribeira começou como uma aldeia de pescadores no Século XVI e o nome é uma expressão portuguesa que designa um ancoradouro para a reparação de naus.
A partir de meados do século XIX, a classe social mais abastada passou a utilizar a Península de Itapagipe como região de veraneio. Surge a partir daí a construção dos inúmeros solares e casarões, a exemplo do Amado Bahia – alguns perduram até hoje – o que enriqueceu o patrimônio histórico e cultural da região e da cidade. No início do século XX, a região assume um caráter predominantemente popular graças à industrialização que foi impulsionada por um decreto municipal.
Outros fatores incentivaram o crescimento industrial local na época, como a proximidade com o porto e com a linha férrea, o isolamento em relação ao continente e o fato de possuir terrenos planos e baratos.
Atrativos – O local é conhecido por receber todos os anos a peregrinação da Lavagem do Bonfim, uma das mais importantes festas religiosas de Salvador. Foi também na Península que se cumpriu a obra religiosa de Santa Dulce dos Pobres, considerada como a primeira santa brasileira pela Igreja Católica. A Península também é a terra da Sorveteria da Ribeira, com 89 anos de história, atraindo visitantes de diversos estados e até de fora do país e foi palco para as primeiras apresentações de Raul Seixas, o maluco beleza.