O suspeito de matar o chef espanhol David Pegrina Capó, de 53 anos, e a brasileira Érica da Silva Santos, de 38, em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, foi identificado como Eliandro Lourenço de Menezes, de 46 anos. Há um mandado de prisão preventiva em aberto e ele está foragido.
Segundo a Polícia Civil, Eliandro Lourenço de Menezes trabalhou como caseiro das vítimas por três meses enquanto o casal estava na Europa. Neste período, o chef David Pegrina teria garantido dar uma parte da Ilha do Pau do Macaco, que pertencia a ele e a esposa, para o suspeito.
David e Érica foram mortos em 24 de novembro. A principal linha de investigação aponta para vingança. Eliandro Lourenço de Menezes teria matado o chef espanhol e a esposa dele, após David Pegrina não cumprir o acordo.
Outras informações sobre o caso:
👉 Em uma ação realizada pela Polícia Federal em 2019, Eliandro Lourenço de Menezes foi acusado pelo crime de tráfico de drogas e teve a prisão preventiva decretada.
👉 Durante a ação ele fugiu da ilha e nunca mais foi visto.
👉 Eliandro teria retornado para a ilha após notícias de que o restaurante de David e Érica estaria fazendo sucesso na região, inclusive sendo frequentado por artistas.
👉 O filho do suspeito, que não teve a identidade revelada, se apresentou na quinta-feira (7), na delegacia de Porto Seguro, e teve mandado de prisão temporária expedido.
👉 Em depoimento, ele informou aos policiais que o pai confessou ter cometido o crime e que não iria se entregar.
Filho do suspeito é investigado
A princípio, a polícia acreditava que o filho de Eliandro Lourenço de Menezes tinha participação no crime. No entanto, o homem apresentou um álibi e negou envolvimento. A hipótese atual é que outras duas pessoas possam ter ajudado o suspeito no duplo homicídio.
A polícia esclareceu que acredita que o crime não tem relação com as condenações de David Pegrina na Espanha por fraude, apropriação indébita e falsificação de documentos.
No entanto, o delegado Paulo Henrique Oliveira relatou que há suspeita de que a compra da ilha por David Pegrina tenha sido com dinheiro oriundo dos crimes na Espanha, “já que o valor da propriedade é estimado em mais de R$ 1 milhão”.
Segundo o jornal espanhol Diário de Mallorca, ele foi diretor de uma agência bancária e entre 2003 e 2004, dirigiu um esquema que fraudou cerca de dois milhões de euros através da concessão de hipotecas falsas.
Apesar de ter sido condenado, os mandados de prisão expedidos contra ele na Europa foram anulados por causa do tempo do crime, cerca de 20 anos.
Relembre o caso
- 👉 David Pegrina e Érica Santos foram encontrados mortos, com marcas de tiros, na área do restaurante deles, “Os Ribeirinhos”. A mulher foi encontrada nua, na parte externa do local.
- 👉 Apesar de estar sem roupa, as investigações apontaram que ela não foi vítima de abuso sexual. Já o corpo de David Pegrina foi encontrado dentro de casa.
- 👉 Além do casal, o filho de Érica vivia no imóvel, mas não estava no local no momento do crime.
Quem eram eles
David Pegrina era natural da ilha turística de Mallorca, no Mediterrâneo, e Erica Santos nasceu em Itagimirim, cidade que fica a 100 km de Porto Seguro. Ambos tiveram os corpos sepultados na cidade natal da brasileira.
Donos do “Os Ribeirinhos”, restaurante intimista e cercado pelo verde, o casal também costumava participar de festivais gastronômicos. O mais recente compartilhado em uma rede social foi o “Festival Esquina do Mundo”, que ocorreu entre os dias 1º e 18 de novembro em Arraial D’Ajuda, distrito de Porto Seguro.
Em uma rede social, o chef também compartilhava fotos do dia a dia, da natureza e dos pratos preparados no restaurante.
Não há informações sobre quantos anos o casal estava junto, nem o tempo em que David Pegrina morava na Bahia.
Restaurante do casal
Cercado de verde, o restaurante “Os Ribeirinhos” fica a 4 km do cais de Porto Seguro e era bastante conhecido na região. Como acesso ao estabelecimento é feito pelo rio, o casal tinha um barco próprio para buscar os clientes e um píer para recebê-los.
Apesar de amplo, com espaço inclusive para eventos, o estabelecimento costumava receber apenas grupos pequenos e previamente agendados, para focar na experiência dos clientes.
A ideia do restaurante é que os clientes passassem o dia no local, desfrutando do passeio de barco, do Buranhém, das paisagens e da culinária – que tinha a paella, especialidade espanhola, como prato principal.
Nas redes sociais, o casal compartilhava o dia a dia no estabelecimento e as belezas naturais da Ilha do Pau do Macaco. O local bastante requisitado por famílias que estavam a passeio em Porto Seguro.
“Em nossa ilha fluvial, onde a natureza se encontra com a culinária incrível. Um refúgio perfeito, para compartilhar com a família e amigos”, escreveram em uma publicação.
G1