“Sempre gostei de acompanhar minha mãe, que era professora do Ensino Fundamental, quando ia dar aulas. Ela ensinou na rede pública por mais de 32 anos. Tive o melhor exemplo de educadora em casa. Vê-la preparar o material para os alunos, com dedicação e carinho, foi o meu maior incentivo. Não existiam obstáculos para ela, assim como para mim. As adversidades me impulsionaram a ser cada vez mais referência para meus alunos”, conta. Para Rozanne, que estava recém-graduada quando passou no concurso público estadual, em 1992, a conquista significou não só estabilidade e independência econômica, mas, sobretudo, “a possibilidade de oferecer o seu melhor para se tornar uma profissional que pudesse fazer a diferença”.
Rozanne acredita que a presença do professor é essencial, também, para que aconteçam mudanças no processo social. “As salas de aula apresentam, diariamente, desafios para qualquer educador. Independentemente de seus conhecimentos ou títulos, a Educação, hoje em dia, exige muito mais do professor. Saber administrar conflitos; ter a atenção dos alunos durante a exposição dos conteúdos; validar a educação como forma de alcançar objetivos e conquistas, sem dúvidas, são tarefas que exigem bastante de nós”.
Presença marcante – A recompensa do ofício vivido com paixão chegou em episódios que encheram a professora de orgulho. “Provavelmente, os mais significativos foram os que ouvia dos estudantes, no final do Ensino Médio: muito obrigado(a) por ter acreditado em mim, por não ter desistido de mim. Muitas vezes, fui chamada de mãe pelos meus alunos. A maneira firme que falava representava segurança para a grande maioria. Dizer não, quando necessário, fazia a diferença em momentos difíceis. O que me deixa mais feliz é saber que vários acreditaram neles, porque eu acreditei”, reflete Rozanne, que adotava o sociointeracionista como método pedagógico. “Sempre acreditei que toda construção deve ser bilateral. Meu conhecimento seria uma ponte de construção para que o aluno alcançasse sua vitória”, justifica, ressaltando que trabalhou com projetos da Secretaria da Educação do Estado (SEC) voltados para o protagonismo estudantil como forma de investimento educacional.
Nessa perspectiva, a educadora diz que jamais desistiu de tentar fazer o possível para ajudar a transformar a realidade dos seus alunos, não negando as dificuldades, mas os incentivando, os encorajando e os acolhendo. “Estar em sala de aula é desafiador, nem sempre temos o necessário. Por isso, resolvi que eu seria o melhor material didático para eles”, pontua a professora, que iniciou sua jornada no Centro Educacional Carneiro Ribeiro – Escola Parque, no bairro da Caixa D’Água, e, em seguida, passou pelos colégios estaduais Francisco da Conceição Menezes, no Cabula; Heitor Villa Lobos, no Cabula VI; e Carlos Santana, no Nordeste de Amaralina. Nessa trajetória, os educadores Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro foram suas maiores referências. “As perspectivas libertárias, críticas e consistentes do papel do educando e do educador sempre me fizeram acreditar na educação como um processo igualitário”, enaltece.