“O uso das plantas medicinais na cura de doenças é uma prática antiga e encontra-se em expansão por todo o mundo”. É o que afirma Simone Gualberto, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), que estuda a criação de inseticidas e fitoquímicos à base de plantas do Semiárido Baiano. Segundo a pesquisadora, essa vegetação, apesar de ser pouco estudada com esta finalidade, é muito utilizada no tratamento de enfermidades das comunidades carentes da região e também para o controle de vetores de doenças. Agora, junto ao seu grupo do Núcleo de Pesquisa em Química Aplicada, a professora busca obter informações sobre o perfil químico e farmacológico dessas plantas, com o objetivo de gerar desenvolvimento da economia regional e sustentável, através do manejo adequado das espécies, além de promover a criação de novos fitoterápicos e inseticidas naturais, que podem gerar novas patentes para o país.
De acordo com Simone, o estudo das plantas do Semiárido trará informações úteis para ampliar o conhecimento acerca das características biológicas das espécies, possibilitando o uso sustentável para a promoção da saúde. “Nossa intenção é investigar espécies da Caatinga ainda pouco estudadas, gerando um banco de dados com informações úteis sobre elas, com acesso livre para a comunidade científica e não-científica. O maior acesso a essas informações contribuirá para o uso sustentável dessas espécies e, consequentemente, para a conservação da biodiversidade”, declarou.
A pesquisadora ressalta que a busca por produtos eficientes, seguros e menos tóxicos caracteriza o grande interesse dos pesquisadores, pois doenças como a Dengue, Zika e Chikungunya, que são transmitidas por vetores, podem ser diminuídas com a eliminação desses insetos. Ela lembra também que produtos de origem vegetal são ótimas alternativas para o controle desse tipo de infestação, pois oferecem uma maior segurança no uso e, ao mesmo tempo, são mais seletivos, biodegradáveis, economicamente viáveis e de baixo impacto ambiental. Entre as plantas utilizadas atualmente, a professora ressalta que algumas aromáticas como hortelã, manjericão, alecrim, orégano, poejo, entre outras, são utilizadas para a criação de inseticidas, constituídos por moléculas voláteis, que podem promover, de forma natural, a adaptação das espécies ao ambiente onde se encontram.
Para Simone o maior diferencial deste estudo está em analisar a flora da Caatinga que pode ocasionar a descoberta de novos fitoterápicos e inseticidas naturais. “No futuro, poderemos obter novos fármacos potencialmente mais ativos e menos tóxicos, ampliando o arsenal terapêutico a ser utilizado para o tratamento das enfermidades que acometem as populações, permitindo o desenvolvimento de uma fitomedicina nacional, que irá substituir os medicamentos industrializados e importados, trazendo uma grande economia para o país, além de gerar novas patentes”. As novas substâncias poderão ser usadas como recursos alternativos para a melhoria da qualidade de vida da população, através da prevenção, tratamento e controle de vetores de doenças que atingem uma grande parcela da população.
A professora acredita que uma base de dados sobre plantas do Semiárido Baiano, a ser acessada livremente pela comunidade científica e não científica, poderá levar informações úteis sobre o uso de plantas medicinais, de maneira clara e acessível, destacando o potencial da região e promovendo a melhoria na qualidade de vida da população, ao mesmo tempo em que diversifica as opções de tratamento para diversos tipos de doenças.
Bahia Faz Ciência
A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail [email protected].gov.br.